Título: LUCRO DO BRADESCO QUASE DOBRA NO PRIMEIRO TRIMESTRE, PARA R$1,2 BILHÃO
Autor: Aguinaldo Novo
Fonte: O Globo, 10/05/2005, Economia, p. 23
Ganho cresceu 97,9% no período e superou de novo o ganho do rival Itaú
SÃO PAULO. Empurrado pela alta dos juros e pelo aumento de receita com a venda de seguros e planos de previdência, o Bradesco quase dobrou seu lucro no primeiro trimestre deste ano. Em balanço publicado ontem, o maior banco privado do país informou ter ganho R$1,205 bilhão, 97,96% a mais do que de janeiro a março de 2004. Na comparação com dezembro, o lucro cresceu 13,9%.
O resultado ficou acima das estimativas dos analistas, de um lucro médio de R$1 bilhão, e bateu pelo segundo trimestre consecutivo o do arqui-rival Itaú ¿ cujo ganho no trimestre chegou a R$1,141 bilhão. Nesta quinta-feira, sai o balanço do Unibanco, outro gigante do mercado de varejo, e as previsões iniciais apontam um número entre R$320 milhões e R$350 milhões.
As receitas do Bradesco com operações de crédito somaram R$3,793 bilhões, com variação de 19,2% sobre 2004. Neste caso, o banco ganhou duas vezes. Primeiro com o próprio crescimento da demanda por crédito, refletindo a recuperação da economia. A carteira total de empréstimos cresceu 20,19% e chegou a R$65,9 bilhões, sem considerar avais e fianças. O destaque ficou para a carteira de pessoa física ¿ justamente a que embute maior margem de spread (diferença entre o custo de captação do banco e o quanto ele cobra para emprestar) ¿ com uma alta de 44,2%.
Além disso, é preciso considerar o aumento dos juros incidentes sobre os empréstimos. Só nos últimos oito meses, a Selic (que serve de piso para as demais taxas) acumula variação de 3,5 pontos percentuais. Os juros também significaram um crescimento de 7,7% nas receitas com a compra e a venda de títulos do governo (para R$2 bilhões) e ajudaram a catapultar em 42% o resultado com a venda de seguros e planos de previdência e capitalização (com receita de R$1,769 bilhão no trimestre).
Mesmo com os bancos brasileiros cobrando os maiores juros do mundo, o Bradesco não vê sinais de queda na demanda por novos empréstimos. A estimativa do presidente da instituição, Márcio Cypriano, é fechar o ano com um aumento em volume entre 20% e 25%, chegando a 31% no ramo de crédito pessoal e CDC de veículos para pessoa física. Esse número considera também a perspectiva dos financiamentos consignados (com desconto em folha de pagamento).