Título: DESMATAMENTO - Sem limites
Autor:
Fonte: O Globo, 09/05/2005, Editorial, p. 6

O maior patrimônio natural do Brasil, que é a Floresta Amazônica, está sendo devastado continuamente pela atividade madeireira ilegal, pelo avanço da fronteira agrícola e da pecuária e pelas queimadas. São desanimadores os dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, que mostram que não só persiste como é crescente o desmatamento, que avança agora à taxa anual de 25 mil quilômetros quadrados - área superior à do estado de Sergipe.

É claro que não se pode debitar integralmente ao governo atual a falta de um controle que possa impedir essa calamitosa devastação. Ao mesmo tempo, é preciso reconhecer que a impunidade com que a destruição avança, enquanto correntes ambientalistas radicais ocupam importantes espaços no governo, é sintomática da dificuldade que o poder central encontra para exercer a atividade administrativa, de modo geral, com eficiência. Tipicamente, o gerenciamento costuma ficar sufocado sob um sem-número de procedimentos burocráticos.

No caso específico da Amazônia, o que parece difícil de entender é que a alternativa à destruição contínua e irreparável não pode ser fechar os olhos à realidade econômica e tentar a todo custo evitar o aproveitamento dos recursos florestais. Esta atitude não só é contra-indicada como, deve-se reconhecer, impossível de ser posta em prática.

Racionalizar e controlar a exploração, que precisa ser cercada de todos os cuidados de preservação e reflorestamento, é a política adequada. Mas para isso é preciso exibir uma competência gerencial de que até agora o governo não deu mostras.