Título: VARIG QUER UM PRAZO MAIOR PARA PAGAR ESTATAIS
Autor: Geralda Doca e Erica Ribeiro
Fonte: O Globo, 11/05/2005, Economia, p. 29

Nova diretoria se reuniu com ministro da Defesa. Segundo fontes, empresa enfrenta graves problemas de caixa

BRASÍLIA e RIO. Os novos administradores da Varig pediram ontem ao vice-presidente da República e ministro da Defesa, José Alencar, ampliação do prazo de pagamento para a Infraero e a BR Distribuidora. Na primeira reunião da nova diretoria executiva e do novo Conselho de Administração da companhia com Alencar, eles alegaram, segundo fontes presentes ao encontro, que a Varig enfrenta um estrangulamento crítico de caixa e necessita de uma solução urgente.

Dos 82 aviões, oito estão fora de circulação por falta de dinheiro para repor peças. Além disso, fontes da Varig dizem que em junho serão desativados os três vôos diretos Rio-Paris.

Segundo o presidente do Conselho, David Zylbersztajn, as estatais são importantes para normalizar a situação da Varig. Ele afirmou que o que se pretende no futuro é a capitalização da empresa, com a participação do BNDES:

- Queremos um gesto de boa vontade. Não está se pedindo algo em termos de favorecimento, de privilégio, mas um tratamento equilibrado. Na prática, são prazos um pouco maiores.

Para utilizar os aeroportos administrados pela Infraero, a Varig tem de recolher diariamente à estatal R$1,3 milhão em tarifas. E, para abastecer seus aviões, precisa pagar à BR entre R$3 milhões e R$5 milhões por dia.

Segundo fontes presentes à reunião, Alencar teria dito que o governo abençoará os esforços para recuperar a empresa, mas - como presidente do Conselho de Administração da Infraero - teria deixado claro que os credores federais têm colaborado com a Varig e que esse processo tem limite. Semana passada, a empresa atrasou pagamentos à Infraero, que aceitou um cheque pré-datado de R$9,5 milhões.

Zylbersztajn disse que a nova diretoria ainda não tem um estudo sobre cortes, mas, segundo fontes, um terço dos 11 mil funcionários poderia ser demitido. Ele disse que dez investidores apresentaram propostas mas não há nada concreto. Uma fonte ligada à Varig afirma que a lista incluiria até um executivo português que diz representar a organização católica conservadora Opus Dei, e que teria oferecido US$1,2 bilhão.

Há também rumores de que os membros do Colégio Deliberante - que tem poder para destituir o Conselho de Curadores - estariam insatisfeitos com a nova diretoria.