Título: Presidente associa terrorismo à má distribuição de riquezas no mundo
Autor: Cristiane Jungblut
Fonte: O Globo, 12/05/2005, O País, p. 4
Lula afirma que, sem crescimento igualitário, poderá haver problemas
BRASÍLIA. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva vinculou a existência do terrorismo à má distribuição da riqueza, durante seu discurso de encerramento da Cúpula América do Sul-Países Árabes. Lula tocou no assunto ao propor um comércio internacional equilibrado. Ele alertou que, sem um crescimento mais igualitário entre os países, poderá haver problemas como o terrorismo.
¿ Se apenas alguns crescerem, essa árvore poderá ser muito alta, mas seus galhos serão frágeis e poderão quebrar com a falta de democracia e com o terrorismo existente por causa da má distribuição da riqueza produzida no planeta Terra ¿ disse Lula.
A Carta de Brasília condena o terrorismo, mas repudia a ocupação estrangeira e reconhece o direito de os Estados resistirem à ocupação estrangeira.
Lula defendeu ainda a criação de um Estado palestino e disse esperar que o Iraque tenha condições de se reconstruir e consolidar sua democracia. O presidente desejou sorte a palestinos e iraquianos. Mas, diplomático, Lula disse que sempre reconheceu a necessidade da existência do Estado de Israel.
Em defesa da união dos países das duas regiões
Lula ressaltou a necessidade de os países das duas regiões se unirem para crescer num mundo ¿onde o rico fica cada vez mais rico e o pobre cada vez mais pobre¿. E disse que a Cúpula uniu países com esse objetivo. O presidente acrescentou que os palestinos precisam ter paciência, como num jogo de xadrez, para conquistar a paz.
Lula também lembrou que o Brasil se opôs à ocupação do Iraque pelos EUA, porque entendia que, naquele momento, era preciso negociar mais, mas que agora é um momento de reconstrução do país:
¿ Quero desejar ao povo do Iraque toda sorte do mundo. Como os outros povos, o povo iraquiano tem o direito de reconstruir sua própria felicidade e seu próprio país.
Sem falar em reeleição, Lula afirmou que seus quatro anos de governo estão terminando e lembrou que se dedicou bastante à política externa:
¿ Parecia que quatro anos seriam intermináveis, mas já está terminando. Mais da metade do meu mandato dediquei a fazer política internacional. E isso porque acredito que não exista outra saída individual para qualquer país do mundo.