Título: NO CONGRESSO, MÉDIA SALARIAL É DE R$9 MIL
Autor: Ilimar Franco
Fonte: O Globo, 13/05/2005, O País, p. 3
Servidores do Poder Legislativo ganham quase três vezes mais que os do Executivo
BRASÍLIA. Historicamente, os servidores do Legislativo e do Judiciário são considerados os primos ricos na Praça dos Três Poderes, em Brasília. Eles sempre ganharam mais do que os funcionários do Executivo. E isso acentuou-se ao longo dos últimos nove anos, de acordo com a evolução salarial das três categorias. A despesa média por um servidor do Executivo é hoje de R$3,2 mil; no Legislativo é R$9 mil; e no Judiciário é R$8,8 mil.
Até agora, nenhum governo anterior havia negado aumentos para o Legislativo, que sempre teve autonomia em reajustar os salários dos servidores. É inédito o veto do presidente Lula ao reajuste de 15%.
Por tradição, os funcionários da Câmara são mais bem remunerados, mesmo aqueles que não têm curso superior. Um funcionário de nível médio que ingressa na Casa começa ganhando R$2.600, mas se ele anteriormente trabalhou em outro serviço público e obteve vantagens, tudo é incorporado ao salário de seu novo emprego. Isso faz com que alguns servidores ao final de carreira cheguem a ganhar R$34 mil.
Segundo dados do Ministério do Planejamento, a folha anual dos servidores do Legislativo é de R$3,9 bilhões para remunerar os 34.249 funcionários da ativa, aposentados e pensionistas. Os funcionários do Executivo (1,8 milhão ao todo) custam R$72,6 bilhões por ano aos cofres públicos. No Judiciário, a folha de pagamento dos pouco mais de 105 mil funcionários ultrapassa os R$12 bilhões por ano.
O presidente do Sindicato dos Servidores do Legislativo (Sindilegis), Ezequiel Nascimento, disse ontem que a categoria lutará pela derrubada do veto do presidente Lula ao aumento de 15%. Os servidores farão a partir da próxima semana corpo-a-corpo com deputados e senadores, pedindo apoio ao reajuste.
Ontem, um pequeno ato de repúdio ao veto reuniu cerca de 100 servidores na entrada da biblioteca da Câmara. Outro ato está marcado para a manhã da próxima quarta-feira.
¿ Queremos reestruturar as carreiras da Câmara equiparando às do Senado. Os 15% são de perdas passadas e o governo agora quer nos obrigar a dar um reajuste disfarçado? ¿ disse Ezequiel.