Título: Fazenda diz que não está analisando aumento para os soldos de militares
Autor: Luiza Damé
Fonte: O Globo, 13/05/2005, O País, p. 4

Esta é uma decisão que cabe ao presidente¿, destaca Bernardo Appy

BRASÍLIA. O secretário de Política Econômica, Bernardo Appy, disse ontem que o Ministério da Fazenda não está analisando aumento salarial para os militares, que reivindicam correção de 23% prometida no ano passado pelo então ministro da Defesa, José Viegas. Appy afirmou que a Fazenda estabelece os limites de gastos do governo, mas é o presidente Luiz Inácio Lula da Silva quem determina a aplicação do dinheiro e que caberá a ele decidir sobre o aumento.

¿ Não é a Fazenda que estuda aumento para os militares. Esta é uma decisão que cabe ao presidente. Mas não está sendo discutido, não está sendo estudado na Fazenda aumento para os militares neste momento. Agora, não é uma decisão que cabe à Fazenda. É uma decisão que cabe ao presidente da República. A Fazenda cuida dos limites globais de gastos ¿ disse Appy.

O presidente já disse mais de uma vez que vai tratar com carinho a reivindicação dos militares, mas argumentou que é preciso recursos orçamentários para conceder o aumento.

Ontem, mulheres de militares aproveitaram a presença de Lula no almoço oferecido ao presidente da Argélia, Abdelaziz Bouteflika, para cobrar o aumento numa manifestação em frente ao Itamaraty. Desde o mês passado, as mulheres de militares intensificaram as manifestações pelo aumento. Já tentaram invadir até a rampa do Palácio do Planalto. Elas querem uma audiência com o presidente.

Ontem, enquanto Lula almoçava com o presidente argelino, as mulheres protestaram com apitaço, batucada e palavras de ordem. A Polícia Militar reforçou a segurança nas proximidades. Em carta a Lula, os presidentes dos clubes Militar, da Aeronáutica e Naval endossaram os protestos das mulheres dos militares e cobraram aumento dos soldos. Eles afirmam que a situação salarial dos militares é vexatória e o estado das tropas é de penúria.

Para os militares, o governo privilegia outras carreiras de servidores públicos com aumentos salariais e é injusto com os militares. "É incompreensível que o governo venha observando o acirramento das tensões e, impassível, nada faz para aliviá-las sob alegação de penúria orçamentária", diz a carta dos clubes militares.