Título: FONTELES PEDE QUEBRA DE SIGILO DA IGREJA UNIVERSAL
Autor:
Fonte: O Globo, 13/05/2005, O País, p. 11

Bispo da seita, o senador Marcelo Crivella seria acionista de empresa sediada em paraíso fiscal, segundo o MP

BRASÍLIA. O procurador-geral da República, Cláudio Fonteles, pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) a quebra do sigilo fiscal da Igreja Universal do Reino de Deus. O pedido foi feito no inquérito que investiga crime contra a ordem tributária. Nas investigações da polícia, o senador Marcelo Crivella (PL-RJ), bispo da Universal, aparece como um dos acionistas da empresa Cableinvest, sediada no paraíso fiscal da ilha de Jersey.

Há um ano, Fonteles já havia pedido a quebra do sigilo fiscal ao ministro Carlos Veloso, relator do caso no STF. Em maio daquele ano, porém, Veloso determinou que a Polícia Federal tomasse antes o depoimento de Crivella, do bispo Edir Marcelo, do ex-deputado Laprovita Vieira e de João Batista Ramos da Silva. Os depoimentos foram colhidos mas a decisão não saiu.

Além da Cableinvest, o processo apura também a responsabilidade penal dos diretores da Investholding, com sede nas Ilhas Cayman, outro paraíso fiscal. A Igreja Universal, segundo o Ministério Público Federal, aparece como aparente proprietária das duas empresas. De 1992 a 1994, os diretores enviaram para essas duas empresas cerca de US$18 milhões.

O Ministério Público investiga crime de evasão de divisas e sonegação fiscal. Como os supostos crimes ocorreram em 1994, e prescrevem em 12 anos, Crivella e os demais acusados podem se livrar das acusações em 2006. Para que isso não ocorra, Fonteles terá de apresentar denúncia ainda este ano.

O Ministério Público Federal investiga a operação da compra da TV Rio, atual Rede Record, e a participação da Universal. O objetivo é apurar prática de crimes pelos diretores das duas empresas off shore. Segundo o Ministério Público, Crivella seria acionista da Cableinvest.

Fonteles pede a Veloso que envie requerimento à Receita para saber se foi aberto procedimento fiscal contra Alba Maria Silva da Costa, Claudemir Mendonça de Andrade, José Fernando Passos da Costa e Márcio Araújo Lima, que aparecem como compradores da TV.

O advogado da Universal, Artur Lavigne, disse que o pedido de quebra não tem fundamento porque a Rede Record e a Igreja Universal são entidades jurídicas separadas.