Título: COM AJUDA DO PT, COMEÇA A CAIR A VERTICALIZAÇÃO
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Fonte: O Globo, 12/05/2005, O País, p. 10

Para agradar ao PMDB, partido muda de opinião e vota, na CCJ, pelo fim da medida que era considerada um avanço

BRASÍLIA.De 2002 para cá, foi a segunda vez que o PT mudou de opinião sobre o mesmo assunto. Cumprindo o acordo entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o PMDB, com quem quer aliança nas eleições de 2006, o PT ontem votou, na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, a favor da emenda constitucional que acaba com a verticalização ¿ a obrigatoriedade de as alianças para a Presidência da República serem repetidas nos estados, medida considerada um avanço por especialistas que defendem a reforma política.

Os petistas, que em 2002 acusaram o então presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Nelson Jobim, de casuísmo para favorecer o candidato tucano José Serra, adversário de Lula na eleição daquele ano, estavam obstruído a votação há duas semanas porque, desde que chegaram ao poder, passaram a ser favoráveis à verticalização. Um acordo entre Lula e o PMDB na semana passada, cujo objetivo é a eleição de 2006, provocou novamente mudança de opinião sobre o assunto no partido.

O fim da verticalização é uma reivindicação da maioria dos 18 partidos com representação na Câmara, à exceção do PSDB e de parte do PT que ainda discute a decisão de Lula. Para especialistas, o fim da verticalização é um retrocesso, porque enfraquece os partidos.

Antes de embarcar para o Japão, o presidente do PT, José Genoino, confirmou que a mudança de posição do partido aconteceu após o acordo entre Lula e a ala governista do PMDB. As duas partes acreditam que, com o fim da verticalização, aumentam as chances de o PMDB participar de uma coligação nacional para a apoiar a candidatura à reeleição do presidente, sem a obrigatoriedade de repetir a aliança nos estados.

Comissão especial da Câmara terá 31 integrantes

Hoje, o presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE), vai pedir aos líderes que indiquem seus representantes para a comissão especial, que terá 31 integrantes e prazo de 40 sessões para deliberar sobre a emenda. Dois ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) informaram ontem que a emenda poderá ser aplicada já nas eleições presidenciais de 2006 se for aprovada pelo Congresso até outubro próximo, um ano antes da eleição.