Título: FAZENDA DEFENDE ORÇAMENTO SOCIAL
Autor: Martha Beck
Fonte: O Globo, 13/05/2005, Economia, p. 23

Marcos Lisboa diz que esse tipo de gasto cresceu entre 2001 e 2004

BRASÍLIA. O Ministério da Fazenda rebateu as críticas feitas pelo economista Márcio Pochmann ao documento da equipe econômica ¿Orçamento Social do Governo Federal 2001-2004¿. Segundo Pochmann, o forte aperto orçamentário para atingir as metas de superávit primário acabou reduzindo em 8,31% os gastos sociais entre 2001 e 2004. O economista também afirmou que, atualizado pelo IGP, esse valor seria hoje de R$9,9 bilhões. Para o governo, o economista só chegou a esse resultado porque usou esse índice de inflação.

Segundo nota divulgada pela Fazenda e assinada pelo secretário de Política Econômica, Marcos Lisboa, a correção dos gastos orçamentários pelo IGP deveria ser analisada com muito cuidado, porque esse índice é fortemente influenciado pela variação cambial e não mede de forma precisa os efeitos da inflação sobre a população.

¿O resultado do professor Pochmann, como visto, decorre unicamente do elevado valor do IGP em 2002, que superestima o valor atualizado dos gastos em 2001, quando trazidos para valor presente¿, afirma a nota.

O trabalho da Fazenda traz apenas os valores do Orçamento Social em proporção do PIB, o que, segundo Lisboa, inclui tanto a inflação quanto a taxa de crescimento real da economia. Pelo documento, o Orçamento Social de 2001 foi de 15,9% do PIB, passando para 16% do PIB em 2004.

A nota também rebate o fato de Pochmann ter dito que o principal responsável pela desigualdade no Brasil seria o elevado pagamento de juros da dívida pública. ¿Cabe indagar se, como esperado pelas críticas do professor Pochmann, nossa desigualdade apresentou uma significativa melhora em 2003 e 2004 em relação a 2002 como conseqüência da expressiva redução dos gastos com juros¿, alfineta Lisboa.

O secretário, que deixa hoje o cargo, aproveitou a nota para despedir-se publicamente, elogiando a atuação da equipe econômica.