Título: DISCRETAMENTE, GOVERNO COMEMORA SENTENÇA
Autor: Maiá Menezes e Aloysio Balbi
Fonte: O Globo, 14/05/2005, O País, p. 3

Petistas acham que ausência de Garotinho facilitará apoio do PMDB à reeleição de Lula

BRASÍLIA. O governo está comemorando, ainda que discretamente, a decisão da Justiça Eleitoral de Campos que declarou Anthony Garotinho e a governadora Rosinha Garotinho inelegíveis. Seus integrantes dizem que é preciso ter cautela, pois a inelegibilidade terá de ser confirmada pelas instâncias superiores da Justiça Eleitoral. Mas a primeira leitura é a seguinte: com Garotinho fora do páreo na disputa presidencial, se sua inelegibilidade for confirmada, o poder de fogo do PMDB e sua capacidade de fazer pressão sobre o PT e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ficará menor.

Integrantes do governo fizeram referência à pesquisa CNT/Sensus, divulgada em abril, na qual Garotinho era o segundo colocado, com intenções de voto de 14,9% a 17,2%, nos quatro cenários em que seu nome aparecia. As pesquisas mostram que a candidatura de Garotinho poderia levar as eleições presidenciais para o segundo turno.

Para assessores de Lula, a inexistência de um forte candidato no PMDB facilitaria o apoio do partido à reeleição de Lula. A avaliação no governo é que, mesmo que Garotinho consiga vencer na última instância, o processo acabará fragilizando sua candidatura.

Por isso, considera-se, nas primeiras avaliações feitas no núcleo de governo, que uma parcela maior do PMDB poderá se deslocar, abandonando a candidatura própria. Uma das prioridades do governo Lula e do PT é impedir que o PMDB tenha um candidato competitivo nas eleições presidenciais. No governo diz-se ainda que, se a inelegibilidade for confirmada, o governador Germano Rigotto (RS), que também sonha em disputar a Presidência da República, poderá se beneficiar.