Título: DEZESSEIS TIROS CONTRA FLORA GIL
Autor: Fábio Vasconceloos
Fonte: O Globo, 14/05/2005, Rio, p. 18

Mulher de ministro e irmã são atacadas por ladrões em Botafogo, mas conseguem escapar

Amulher do ministro da Cultura, Gilberto Gil, viveu ontem momentos de pânico, em Botafogo, quando assaltantes armados atiraram 16 vezes contra o carro em que ela e a irmã estavam. Flora Gil e Fátima Giordano foram abordadas por volta de 18h30m por um assaltante, quando entravam numa picape Volvo, na esquina das ruas Visconde de Caravelas e Capitão Salomão. O bandido recebia a cobertura de um outro ladrão de moto, armado com uma pistola. Fátima, que estava no banco do motorista, fechou a porta do carro, prendendo os dedos da mão esquerda do assaltante. Com um revólver calibre 38, ele atirou contra o vidro, na direção da cabeça de Fátima. A blindagem do veículo, no entanto, salvou as vítimas.

O desespero de Flora Gil e da irmã foi acompanhado pelo ministro, que está em Angola. Quando entrava no carro, Flora falava com Gil pelo celular e teve que desligar ao perceber que se tratava de um assalto. Sem entender direito o que se passava, Gil voltou a ligar, mas a mulher não pôde atender os telefonemas.

¿ Disse para o Gil que não podia falar, já que estava sendo assaltada ¿ disse Flora.

Uma pessoa que acompanhou o caso contou que a mulher do ministro chegou a ligar cinco vezes para o 190 (telefone da PM), mas a ligação só caía numa caixa postal, informando que o serviço estava indisponível no momento.

Flora telefonou para inspetora

Flora conseguiu sair do veículo pela porta do carona, enquanto sua irmã mantinha o bandido preso à porta. Fátima acionou o alarme do veículo e pediu ajuda pelo microfone do carro. Enquanto isso, Flora correu para um restaurante para pedir ajuda, mas foi surpreendida pelo segundo assaltante, que vinha numa moto pela frente do veículo. Ele disparou dez tiros de pistola na direção da picape, acertando um dos pneus. Escondida atrás de uma banca de jornal, a mulher do ministro telefonou para a inspetora Marina Magessi, chefe do setor de investigação da Polinter, que tinha conhecido anteontem, durante uma exibição de um filme do Afro Reggae. Marina estava no Aterro do Flamengo, seguindo para casa, mas foi para a Botafogo prestar socorro às vítimas.

¿ Minha irmã teve uma atitude corajosa de fechar a porta. Graças a Deus, o carro blindado nos salvou. Neste momento, só me lembro da música do Gil que diz ¿Andar com fé eu vou, que a fé não costuma faiá¿ ¿ disse Flora, lembrado a música ¿Andar com fé¿.

O bandido que atirou contra o vidro do veículo foi rendido por um rapaz que passava pelo local. Segundo Flora Gil, ele usava uma faca e conseguiu imobilizar o bandido, assim que as balas acabaram. Fátima abriu a porta, mas o criminoso acabou escapando. As duas foram orientadas por Marina Magessi a irem para a 10ª DP (Botafogo), onde registraram o caso. A inspetora recebeu um telefonema do ministro, que queria saber como a mulher a a cunhada estavam:

¿ Os bandidos atiraram com a intenção mesmo de matar. Quando percebeu que o vidro era blindado, ele continuou atirando para ver se o vidro cedia e acertava Fátima, que estava na direção ¿ disse Marina.

Após registrar o caso, Flora e a irmã foram acompanhadas por policiais civis até sua casa, em São Conrado. Ainda muito abalada com o caso, Flora afirmou que não pretende sair da cidade:

¿ Esta é a minha cidade e a violência que acontece aqui acontece em vários lugares do mundo. Também não vou deixar de sair por causa disso. O que importa é que eu e minha irmã estamos bem, graças a Deus ¿ completou Flora.

Ela contou que Gilberto Gil voltou a telefonar à noite para saber mais sobre o caso. Policiais do 2º BPM (Botafogo) fizeram buscas em ruas do bairro para tentar localizar o bandido ferido na mão. Até o fim da noite, porém, ninguém havia sido preso.