Título: SECA REDUZ COLHEITA DE GRÃOS
Autor: Vagner Ricardo
Fonte: O Globo, 12/05/2005, Economia, p. 25

Segundo ministro, safra ficará abaixo de 115 milhões este ano

O ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, informou ontem no Rio que a safra de grãos a ser colhida este ano ficará abaixo de 115 milhões de toneladas, aprofundando a crise do setor. O número oficial será apresentado hoje pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), mas é inferior aos 119 milhões do levantamento anterior e ainda menor que os 132 milhões previstos antes de a seca danificar mais duramente lavouras nas regiões Sul e Centro-Oeste. Segundo o ministro, os quase 20 milhões de perdas de grãos representarão uma frustração de receita de R$10 bilhões. A queda de safra provocada por fatores climáticos é considerada a maior nos últimos 20 anos e, segundo o ministro, contribuirá para agravar as dificuldades dos agricultores.

Rodrigues adiantou que o governo está empenhado em reduzir os efeitos da crise. Entre outras medidas, citou os R$300 milhões que deverão ser repassados às cooperativas agrícolas mais afetadas pela inadimplência, a perspectiva de liberação de R$1 bilhão para aquisição, por exemplo, de produtos agrícolas com preços depreciados pelo governo e o empenho para renegociar dívidas a vencer acima de R$14 bilhões.

Exportações do agronegócio mantêm-se estáveis este ano

Contudo, a safra menor e o dólar baixo não atingirão o desempenho, em valores, das exportações agrícolas este ano. Segundo o ministro, as exportações devem aproximar-se dos US$39 bilhões de 2004.

¿ O agronegócio não perderá muito em valores exportados, apesar da queda de preço da soja, do milho e do algodão. É que os preços do café, carne, açúcar e suco de laranja estão firmes e podem puxar as vendas para algo perto dos US$39 bilhões de 2004 ¿ explicou.

O saldo comercial do agronegócio, porém, deverá encolher, puxado pelo aumento das importações de insumos e produtos agrícolas, favorecidas pelo dólar fraco. Ano passado, as importações do setor foram de US$4 bilhões e geraram saldo comercial de US$35 bilhões. Mantendo-se nos atuais níveis, as importações devem atingir US$7 bilhões ou US$8 bilhões. A conjuntura adversa reduzirá a área plantada na próxima safra, com efeitos negativos na produção.