Título: `TIRAR O MINISTRO ALDO NÃO VAI RESOLVER¿
Autor: Diana Fernandes e Ilimar Franco
Fonte: O Globo, 15/05/2005, O País, p. 12
Líder do PSB diz que o governo precisa dar mais atenção aos aliados se quiser resolver a crise com o Congresso
Líder do PSB na Câmara, o capixaba Renato Casagrande tem sido um fiel aliado. É assíduo nas reuniões e se esforça na busca de acordos. Mas começa a dar sinais de impaciência com a demora de Lula para resolver problemas da base no Congresso, que, para ele, não serão contornados com a troca do ministro da Coordenação Política, Aldo Rebelo.
¿ Há necessidade urgente de o governo ser mais ágil, mais eficaz e mais atencioso com sua base ¿ diz.
Na linguagem política, isso significa, no mínimo, dar os cargos prometidos e liberar emendas parlamentares.
A situação é de descontentamento e desconforto na relação do governo com o Congresso. Como mudar isso?
RENATO CASAGRANDE: O governo tem que mudar seu comportamento, dar mais atenção e prestigiar o parlamentar aliado e o de oposição. Segundo, esclarecer quais os interlocutores do governo e qual a linha política. Hoje há uma situação nebulosa.
O que o presidente Lula precisa fazer para melhorar isso?
CASAGRANDE: O presidente disse que teria contatos freqüentes com a Câmara. Estamos na expectativa. Não aconteceu. O problema não está na pessoa, mas no instrumento dado, que é frágil. Tirar o ministro Aldo Rebelo não vai resolver. Não seria bom sinal para a base aliada pôr um ministro do PT. Mas quero deixar claro que isso é decisão exclusiva do presidente da República. É preciso ficar definida, por parte do presidente, a função do ou dos articuladores políticos. E dar instrumentos para operar.
Tem mais de um articulador atuando no Planalto?
CASAGRANDE: Tem mais de um ministro fazendo. E não teria problemas ter dois ou mais. Mas tem que ficar claro. Como o Aldo não tem instrumentos (poder) para operar, o pessoal procura o ministro Dirceu e outros ministros. Quem quer que seja o articulador, tem de ter instrumentos para operar a política.
O presidente convocou uma reunião com dirigentes e líderes da Câmara para quarta-feira...
CASAGRANDE: É um bom começo, mas é preciso mais. A reunião será para tratar de assuntos gerais. Os aliados querem ajudar o governo, mas o presidente tem que se reunir mais com a base para resolver o núcleo do problema, a insatisfação geral com o tratamento recebido do Planalto.
Se o governo precisasse votar hoje uma emenda constitucional, teria 308 votos necessários?
CASAGRANDE: Depende do assunto. Reforma tributária, por exemplo, só ganha com muita, mas muita negociação.