Título: LULA TRABALHA POR UM SÓ PALANQUE EM CADA ESTADO
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Fonte: O Globo, 15/05/2005, O País, p. 12

Nos bastidores, presidente tenta unir adversários regionais

BRASÍLIA. A crise política com o Congresso se agrava, mas o presidente Luiz Inácio Lula da Silva está mesmo de olho no palanque de 2006, dedicando algumas horas de sua agenda a cuidar das alianças nos estados para as eleições do ano que vem. Lula está procurando seus aliados com o objetivo de criar condições para que ele tenha apenas um palanque na maioria dos estados. Durante semana passada, fez este apelo ao ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento (PL), e ao governador do Amazonas, Eduardo Braga (PPS). Os dois são candidatos a governador e vão se reunir semana que vem para iniciar entendimentos.

A conversa com Nascimento ocorreu na quarta-feira e a com Braga, na noite de quinta-feira. Por enquanto, eles evitaram assumir compromissos com o presidente. Braga é cuidadoso ao tratar do assunto.

¿ O presidente quer um palanque em cada lugar. E disse que fará todo esforço para que isso ocorra na maioria dos estados ¿ limitou-se a dizer.

No encontro com o governador, candidato à reeleição, Lula disse que está conversando com todos os governadores aliados, pedindo que eles procurem fazer uma chapa única nos estados para que ele tenha um palanque só. No caso do Amazonas, o presidente sugeriu um acordo no qual Nascimento, que pretende disputar o governo, disputaria o Senado. O assunto é tratado com cautela também pelo ministro.

Disputa é inevitável em quatro estados

O presidente afirmou que, pelos informes que recebeu do presidente do PT, José Genoino, os petistas do Amazonas estão dispostos a negociar uma ampla aliança para garantir que os aliados do governo tenham um único palanque no estado. Lula comentou, nessas conversas, que o apoio à sua candidatura vai depender de como estiver a avaliação de seu mandato no primeiro semestre de 2006.

Esta não é a única situação em que Lula e a direção do PT trabalham para tentar unir, nos estados, a base que apóia o governo no Congresso. Até em situações dramáticas para o seu partido, o presidente tem defendido que o PT apóie e faça uma chapa conjunta. Defende essa aliança com os governadores peemedebistas Roberto Requião (Paraná) e Luiz Henrique da Silveira (Santa Catarina).

Lula também já deu sinais de que quer uma aliança para apoiar a candidatura do senador Maguito Vilela (PMDB) para o governo de Goiás, onde o PT foi derrotado nas eleições municipais. Ele também gostaria que o PT e os aliados se entendessem no Mato Grosso do Sul, no Mato Grosso, no Espírito Santo, na Bahia, em Minas, em Alagoas, na Paraíba, no Ceará, no Pará e no Piauí. Mas sabe que não tem como evitar a disputa no Rio Grande do Sul, em Pernambuco, no Rio e no Distrito Federal.