Título: DEPOIS DE APOIAR CAUSA PALESTINA, A ORDEM É CURAR AS FERIDAS COM ISRAEL
Autor: Eliane Oliveira
Fonte: O Globo, 15/05/2005, O Páís, p. 13

Brasil prepara missão diplomática para contornar crise agravada na Cúpula

BRASÍLIA. Passada a Cúpula América do Sul-Países Árabes, considerada um sucesso pelo governo brasileiro, chegou a hora de aparar as arestas. Ou melhor, curar as feridas abertas no encontro com as fortes críticas a Israel, disparadas em discursos, entrevistas e na própria declaração conjunta dos chefes de Estado e de governo das duas regiões, na qual os participantes cobram a retirada imediata dos israelenses dos territórios palestinos ocupados.

A missão espinhosa está nas mãos do ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim. Ele vai a Israel no fim deste mês e prepara-se para demonstrar que o Brasil quer manter boas relações com Israel. Segundo fontes do Itamaraty, o chanceler não pensa em levar uma grande comitiva, que incluirá empresários e investidores brasileiros. Amorim pretende levar propostas para estimular as relações econômicas e políticas entre os dois países.

Outra tarefa é consertar uma situação um constrangedora, que havia ficado para trás: em dezembro de 2003, a viagem do presidente Lula a países do Oriente Médio e da África não teve escala em Israel.

¿ As relações começaram a se deteriorar em 2003, quando Lula fez um discurso na Síria a favor do Estado palestino. A cúpula ajudou a prejudicar esse relacionamento ¿ observa o professor de Relações Internacionais da Universidade de Brasília, Eduardo Viola.

A previsão é que Amorim desembarque em Tel Aviv em 28 de maio. Ele terá que se desligar da comitiva que acompanhará Lula ao Japão e à Coréia do Sul. A expectativa é que o chanceler, conhecido por seu poder de persuasão, convença os israelenses de que o Brasil nada mais fez do que incluir na declaração resoluções adotadas no âmbito das Nações Unidas.