Título: INDÚSTRIA CRESCE MENOS NO TRIMESTRE
Autor: Carlos Vasconcellos
Fonte: O Globo, 12/05/2005, Economia, p. 26

Onze de 14 regiões tiveram redução no crescimento. Rio foi o segundo pior

O crescimento da indústria no país está desacelerando. É o que mostra a pesquisa industrial mensal regional do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgada ontem. Onze das 14 regiões pesquisadas tiveram desaceleração no ritmo de crescimento. No país, o aumento da produção industrial foi de 3,9% no primeiro trimestre do ano, contra 6,3% no trimestre anterior. Em São Paulo, maior parque industrial do país, a produção cresceu 5,2% em comparação com 8,8% no último trimestre de 2004.

Poucos estados apresentaram crescimento industrial mais alto no período. O maior destaque fica com o Amazonas, que cuja produção cresceu 14,2%, contra 11,6% no trimestre anterior. A explicação fica por conta do dinamismo da indústria de eletroeletrônicos, especialmente de aparelhos de telefonia celular.

O Rio de Janeiro foi o estado com o segundo pior desempenho. A indústria fluminense cresceu apenas 1% nos três primeiros meses do ano. Parte da explicação se deve ao fato de que os setores que estão puxando para cima a produção industrial nacional - bens de capital e bens de consumo duráveis - não têm bases produtivas fortes no estado, segundo Luciana Sá, chefe da Assessoria de Pesquisas Econômicas da Federação das Indústrias do Estado do Rio (Firjan).

- Houve uma acomodação da indústria de transformação. Mesmo com a recuperação da indústria extrativa, que representa quase 18% do total do estado, o Rio continuou abaixo da média nacional - disse.

O pior desempenho ficou por conta do Rio Grande do Sul, único estado em que a produção industrial caiu. A redução no trimestre foi de 3,7%, contra um crescimento de 2,6% no trimestre anterior. O motivo foi a seca que atingiu a Região Sul. A estiagem afetou a agricultura, e por tabela, as principais industrias gaúchas, como os setores de agroindústria e máquinas e equipamentos agrícolas.

Pouso suave e pressões sobre a inflação

Segundo a economista Isabella Nunes Pereira, coordenadora da pesquisa, os números começam a ser afetados pela elevação da base de comparação, uma vez que a indústria apresentou forte crescimento no ano passado.

- A indústria não vai repetir 2004, mas a desaceleração não vem sendo brusca - disse Isabella.

Para o consultor da Tendências Guilherme Maia, esse pouso suave da indústria tem uma vantagem, pois não gera pressão sobre a inflação. Para ele, o resultado do IBGE reflete os efeitos da política monetária do governo.

Já o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial, em seu boletim de análise divulgado ontem, dizia que se o atual cenário não se reverter, "não demorará muito para que novas regiões apresentem variações mensais negativas, revertendo o impulso de crescimento obtido em 2004". A saída para mudar o cenário, segundo o Instituto, é baixar os juros.