Título: DÉFICIT COMERCIAL DOS EUA RECUA PARA US$54,9 BI
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Fonte: O Globo, 12/05/2005, Economia, p. 27

Acumulado até março é de US$696 bi. Governo teve superávit fiscal de US$57 bi em abril, graças a impostos

WASHINGTON. O déficit comercial americano registrou em março uma inesperada queda de 9,2%, atingindo seu menor nível em seis meses, graças ao salto das exportações e à queda nas compras de produtos da China. O déficit recuou dos US$60,57 bilhões de fevereiro para US$54,99 bilhões, informou ontem o Departamento de Comércio.

Mesmo assim, o déficit acumulado nos três primeiros meses do ano é de US$696 bilhões, alta de 12,8% em relação aos US$617,08 bilhões registrados no mesmo período de 2004. O crescente déficit tem alimentado as críticas à política comercial do governo Bush.

Em março, as exportações tiveram alta de 1,5%, atingindo o recorde de US$102,2 bilhões. Houve aumento nas vendas de aviões comerciais, equipamentos de telecomunicações, produtos agrícolas e até objetos de arte.

Já as importações, que haviam registrado um recorde em fevereiro, recuaram 2,5%, para US$157,19 bilhões. Houve queda nas compras de carros estrangeiros e têxteis chineses. Isso ajudou a contrabalançar uma alta de 4,1% nas compras externas de petróleo, que somaram US$18,9 bilhões.

O déficit americano com a China teve queda de 7%, para US$7,83 bilhões. As compras de têxteis caíram 21,2%, mas ainda estão 54% maiores que no primeiro trimestre de 2004. As quotas para esses produtos foram eliminadas este ano. Por isso, a indústria têxtil americana está pedindo a imposição de sobretaxas de até 27,5%, o que tem ganhado força no Congresso devido à relutância da China em valorizar o yuan.

Para oposição, livre comércio beneficia empresas

O governo americano argumenta que o déficit comercial reflete o fato de os Estados Unidos estarem crescendo em uma proporção acima da registrada nos demais países, alimentando a demanda por importações. Para a Casa Branca, a única maneira de reduzir o déficit é eliminar barreiras comerciais impostas a produtos e serviços americanos.

Mas os críticos dessa política dizem que acordos de livre comércio levam as empresas americanas a transferirem sua produção dos EUA para países com mão-de-obra mais barata.

Os EUA também divulgaram um bom resultado fiscal ontem. O governo registrou superávit orçamentário de US$57,71 bilhões em abril, graças ao aumento de 26% na arrecadação de impostos - é o mês em que os americanos acertam as contas com o Fisco. Os analistas esperavam superávit de US$55 bilhões.

Em abril do ano passado, o superávit foi de US$17,58 bilhões, informou o Departamento do Tesouro. Mas, nos sete meses do ano fiscal corrente, que termina em setembro, o governo acumula déficit de US$236,94 bilhões. No ano anterior, o déficit atingiu o recorde de US$413 bilhões.