Título: CHINA DESMENTE PLANOS PARA VALORIZAR MOEDA
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Fonte: O Globo, 12/05/2005, Economia, p. 27
BC chinês disse que jornal local cometeu 'erro de tradução'
PEQUIM. A China não flexibilizará o yuan semana que vem, afirmou ontem o Banco Central do país, desmentindo uma notícia veiculada no site do jornal "People's Daily". O diário falava na possível ampliação da banda cambial, hoje na estreita margem entre 8,276 e 8,280 yuans por dólar, de 1,26% em um mês e 6,03% em um ano.
O BC chinês atribuiu a notícia a um erro de tradução. O "People's Daily" é publicado em inglês.
- Não há nenhuma mudança na política do yuan. Houve alguns erros na tradução - disse um porta-voz do banco, acrescentando que não há previsão para uma mudança na política cambial.
Investidores temem efeito nos títulos do Tesouro
A notícia ganhou credibilidade nos mercados devido ao fato de China e Estados Unidos se reunirem semana que vem em Washington para discutir questões comerciais. Há meses os mercados vêm especulando sobre uma possível valorização do yuan. Para Harvinder Sian, estrategista de bônus do ABN Amro, uma mudança no câmbio está ganhando força.
- Uma mudança de política no yuan só seria anunciada pelo Banco do Povo (o BC chinês) ou o Conselho de Estado - disse o economista Hu Biliang à agência de notícias Bloomberg. - O governo está indo nessa direção, mas vai demorar.
O jornal, que admitiu ter havido um erro, disse que a decisão fora tomada devido a pressões dos EUA e de outros países. A indústria americana atribui o desequilíbrio da balança comercial à invasão de produtos chineses baratos, mas esse argumento foi abalado pelo recuo do déficit em março, divulgado ontem.
Os títulos do Tesouro dos EUA caíram pela manhã. Os investidores temem que, com a valorização do yuan, a China reduza suas compras de títulos da dívida americana.
- A China subsidia os gastos americanos e, se isso parar de repente, haveria um impacto - disse Sian, do ABN.