Título: PÂNICO NA CASA BRANCA
Autor: José Meirelles Passos
Fonte: O Globo, 12/05/2005, O Mundo, p. 31
Monomotor entra em área proibida e força retirada de funcionários no centro do poder americano
O fantasma do terrorismo ressurgiu no final da manhã de ontem na capital americana, provocando 15 minutos de pânico por conta de um monomotor Cessna 150. Ele entrou no espaço aéreo proibido a aviões civis, aproximando-se desafiadoramente da Casa Branca sem responder aos sinais de rádio que lhe eram transmitidos por autoridades, ordenando que abandonasse a área.
O pequeno avião esteve a ponto de ser pulverizado por baterias de mísseis instalados no palácio do governo. Seu trajeto foi finalmente alterado quando dois caças F-16 lançaram feixes luminosos como último sinal de alerta. O avião estava a apenas 90 segundos da Casa Branca.
O pavor foi mais intenso para quem ocupava a Casa Branca, o vizinho Departamento do Tesouro, o Congresso Nacional e a Suprema Corte. Ao mesmo tempo que sistemas internos de alto-falantes emitiam uma ordem de evacuação daqueles edifícios, agentes do Serviço Secreto surgiram repentinamente, ordenando aos berros que todos saíssem em dois minutos.
- Não é piada, não. Corram! Corram! - disse um agente a um grupo de incrédulos repórteres na sala de imprensa da Casa Branca.
- Para onde? - perguntou um deles.
- Para o mais longe possível -- respondeu o policial.
A sensação de terror aumentou quando, ao saírem, as pessoas ouviram o estrondo das turbinas de caças F-16 voando a baixa altitude e o ruído de helicópteros Black Hawk, que aguardavam a ordem do presidente George W. Bush para abater o avião.
Laura e Nancy Reagan no subsolo
Bush estava num subúrbio de Washington, andando de bicicleta, quando soube que o Cesnna 150 com duas pessoas a bordo se aproximava do centro nervoso de Washington. Sua mulher, Laura, estava na Casa Branca e foi levada para o subsolo com a ex-primeira-dama Nancy Reagan, que a visitava. O vice-presidente Dick Cheney seguiu para o mesmo refúgio.
- Isto não é um treinamento. Repito: não é um treinamento. É uma emergência: abandone o edifício! Há uma ameaça: um avião se aproxima - insistia uma voz no sistema de alto-falantes do Capitólio, enquanto carros blindados retiravam dali líderes da Câmara e do Senado.
O sistema de alerta antiterrorismo passou da cor amarela para a laranja em dois minutos. Eram 12h01m. Dois minutos depois, a cor era vermelha, o nível máximo. Às 12h14m veio o sinal de alívio: escoltado por dois F-16 e pelo Black Hawk, o avião aterrissava em Frederick, a 80 quilômetros.
O Serviço Secreto concluiu que se tratara de uma imprudência. O avião pertence a um aeroclube da Pensilvânia. Seu piloto e instrutor de vôo, Jim Sheaffer, viajava com um estudante, Troy Martin, para uma feira aérea na Carolina do Norte, errou a rota e não havia rádio a bordo. Os dois foram interrogados e liberados.