Título: APOIO À TRANSFERÊNCIA DE RENDA CRESCEU POUCO
Autor: Martha Beck
Fonte: O Globo, 15/05/2005, Economia, p. 33

Investimento em programas voltados para a distribuição de riqueza subiu de 0,8% para 0,9% do PIB em 3 anos

BRASÍLIA. A redução da desigualdade no Brasil só vai ocorrer de maneira significativa com um aumento dos investimentos em programas de transferência de renda, como o Bolsa Família, e com uma fiscalização eficiente da distribuição desses recursos. Segundo especialistas em pobreza, as grandes vantagens do Bolsa Família são o fato de o programa ser direcionado à população mais pobre ¿ que recebe até R$100 per capita por mês ¿ e também seu condicionamento à freqüência escolar das crianças beneficiadas.

¿ É por meio dos investimentos em educação que um cidadão que hoje está na pobreza consegue melhorar sua renda, sair da informalidade e melhorar sua qualidade de vida ¿ afirma Maria Hermínia de Almeida, professora do Departamento de Ciência Política da Universidade de São Paulo.

Apesar de estarem recebendo um volume crescente de recursos do governo federal, os programas de transferência de renda ficaram com apenas 0,9% do Produto Interno Bruto (PIB, total da riqueza produzida no país) em 2004.

Em 2002 e 2003, esse volume foi de 0,8% do PIB, segundo dados do documento ¿Orçamento Social 2001-2004¿, elaborado pela Secretaria de Política Econômica (SPE), do Ministério da Fazenda.

Gasto com programas sociais não reduz as desigualdades

O trabalho mostra justamente que os gastos do governo brasileiro com programas sociais não conseguem reduzir significativamente a desigualdade no país. Enquanto os países da Europa, por meio de programas sociais, conseguem reduzir à metade a razão entre a renda apropriada pelos 20% mais ricos da população e pelos 20% mais pobres, no Brasil essa proporção não sofre alteração significativa.

Para alguns especialistas, no entanto, programas como o Bolsa Família representam o início do processo de construção de um sistema de proteção social. Mas é fundamental que o governo invista mais recursos nesses programas para reduzir substancialmente as desigualdades.