Título: ESTRUTURA E LOGÍSTICA DE PRIMEIRO MUNDO
Autor: Jailton de Carvalho
Fonte: O Globo, 16/05/2005, O País, p. 5

MST usa na marcha 60 caminhões, 300 ônibus e cem banheiros químicos

BRASÍLIA. A marcha do MST, que acaba hoje, é a maior já promovida por um movimento social no país. O MST quebrou o próprio recorde, que até então era a marcha sobre Brasília de 1997, que teve pouco mais de mil sem-terra. Agora são 12.272 homens, mulheres e crianças, amparados por uma logística cuidadosamente organizada pelo MST.

Os números são colossais. Só para alimentar os marchantes, a coordenação do MST produziu mais de 24 mil marmitas por dia. Ontem, após caminhar 15 quilômetros até a entrada do Distrito Federal, os sem-terra comeram arroz, feijão, frango, mandioca, farinha e banana. As refeições chegam ao acampamento em ônibus e caminhões.

Pelo menos 1.500 sem-terra estão mobilizados nos serviços de cozinha, segurança, saúde, distribuição de água e montagem das barracas, entre outras tarefas diárias. Os marchantes consomem 250 mil litros de água/dia, transportada por sete caminhões-pipa cedidos pelo governador de Goiás, Marcone Perilo (PSDB), que também cedeu cem banheiros químicos e oito ambulâncias. O tucano caiu nas graças dos sem-terra, tradicionalmente ligados a partidos de esquerda.

A marcha reúne 60 caminhões e caminhonetes e 300 ônibus. Nos postos de saúde há 40 atendimentos/dia, número baixo para um contingente de mais de 12 mil pessoas. Nas duas semanas de caminhada não houve uma reclamação por atos de indisciplina. De um acampamento a outro, os sem-terra caminham em três colunas cinco horas por dia, de manhã. À tarde e à noite têm debates políticos e culturais, assistem a filmes e peças de teatro.