Título: ENCONTRO PARA RETOMAR ALCA É ADIADO DE NOVO
Autor: Luciana Rodrigues
Fonte: O Globo, 14/05/2005, Economia, p. 33

Negociações estão paradas desde o ano passado, mas brasileiros afirmam que clima é favorável

Ainda não foi dessa vez. O encontro entre os dois co-presidentes da Área de Livre Comércio para as Américas (Alca), previsto para o próximo dia 19, depois de sucessivos adiamentos, foi desmarcado novamente. Fontes próximas à diplomacia brasileira afirmam que a decisão foi tomada em conjunto pelo brasileiro Adhemar Bahadian e pelo americano Peter Allgeier.

A idéia é ganhar tempo para desenvolver melhor os temas discutidos pelo ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, e pelo representante de Comércio da Casa Branca, Rob Portman, que se reuniram em Paris no mês passado.

As negociações da Alca estão travadas desde o ano passado e havia a expectativa de que um novo encontro entre Bahadian e Allgeier significasse a retomada do diálogo. Embora os negociadores brasileiros garantam que o clima é favorável, não há previsão de quando será marcada uma nova data, pois está difícil conciliar a agenda dos dois co-presidentes. Ou seja, a reunião deve demorar para acontecer.

A pauta da Alca está repleta de nós. O Brasil tem defendido que as negociações se concentrem em acesso a mercados, de modo a facilitar um consenso, mas os Estados Unidos exigem incluir também os temas de propriedade intelectual, compras governamentais e investimentos. Esses temas estão na maioria dos acordos bilaterais já assinados ou em negociação entre americanos e países da América Central e do Sul.

Governo americano tenta ratificar acordo para Cafta

Embora o avanço nas conversas da Rodada de Doha, no âmbito da Organização Mundial do Comércio (OMC), seja um alento para a Alca, as atenções de Washington estarão voltadas, nos próximos dois meses, para a ratificação, no Congresso americano, do Cafta, o acordo entre EUA e seis países de América Central e Caribe: Costa Rica, El Salvador, Guatemala, Honduras, Nicarágua e República Dominicana. Nos Estados Unidos, o Cafta é visto como um passo em direção à Alca.