Título: Mais força para Kerry
Autor:
Fonte: O Globo, 18/10/2004, O mundo, p. 21

A campanha do candidato democrata à Presidência dos EUA, John Kerry, ganhou mais força no fim de semana, com importantes apoios da imprensa americana e a redução de dois pontos percentuais de diferença em relação ao presidente George W. Bush nas pesquisas. A 15 dias das eleições, 27 jornais, incluindo o mais influente do país e um dos mais importantes do mundo, o ¿New York Times¿, manifestaram seu apoio ao democrata em editoriais. Bush recebeu apoio de nove jornais.

Segundo pesquisa da Reuters/Zogby divulgada ontem, Bush e Kerry estão tecnicamente empatados, o presidente com 46% e Kerry com 44% das intenções de votos.

Ao todo, 42 jornais americanos já declararam apoio a Kerry e 22 a Bush. Mas a diferença numérica nas adesões não é o único problema para os republicanos. Kerry ganhou a simpatia de jornais regionais de médio porte, mas de grande influência em seus estados, como o ¿Dayton Daily News¿, de Ohio; o ¿Star-Tribune¿, de Minnesota; ¿The Boston Globe¿, de Massachusetts; ¿Chronicle¿, São Francisco, Califórnia; e o ¿Miami Herald¿, da Flórida.

Bush teve que se contentar com periódicos pequenos, quase todos de cidades do interior do Texas, sendo o ¿El Dallas Morning News¿ o de maior expressão. Grandes jornais como o ¿Washington Post¿, o ¿Los Angeles Times¿ e o ¿Wall Street Journal¿ ainda não demostraram apoio a nenhum candidato.

Mas a maior vitória de Kerry ontem foi o editorial a seu favor publicado pelo ¿New York Times¿. O jornal pediu votos para o democrata e classificou o governo Bush como desastroso. Intitulado ¿John Kerry para presidente¿, o editorial descreveu o senador como alguém que ¿tem qualidades que podem dar base a um grande chefe do Executivo, não apenas uma modesta melhora do atual encarregado.¿

O jornal se disse impressionado com o grande conhecimento e a clareza do pensamento de Kerry, algo que teria ficado mais aparente nos debates realizados na TV. ¿Ele é abençoado pela vontade de reavaliar as decisões quando as circunstâncias mudam¿, disse o editorial. Seria, segundo afirmou o jornal, exatamente o que o presidente George W. Bush é incapaz de fazer.

O ¿New York Times¿ fez críticas duras à atual administração e disse temer uma segunda gestão de Bush. ¿Há quase quatro anos, a Corte Suprema agraciou-o com a Presidência. Bush assumiu em meio à expectativa popular de que reconheceria a sua falta de mandato se mantendo numa posição de centro. Em vez disso, levou o governo para a direita radical¿, afirmou o ¿New York Times¿.

O editorial também criticou a postura de George W. Bush em relação à política econômica. ¿Quando a nação entrou em recessão, o presidente ficou obcecado não em gerar novos empregos, mas em combater na guerra da direita contra a taxação dos mais ricos. Como resultado, o dinheiro que poderia ter sido usado para fortalecer a Previdência evaporou.¿

Outro motivo de comemoração para os democratas foi a perda de fôlego da campanha de Bush no fim de semana. Em outra pesquisa, feita pela revista ¿Time¿, também houve empate técnico: 48% para Bush e 46% para Kerry.