Título: SAÍDA RACIONAL
Autor:
Fonte: O Globo, 17/05/2005, Opinião, p. 6

Se há algo em comum na maioria dos 19 municípios que compõem a Região Metropolitana do Rio de Janeiro, a segunda maior do país, é a situação de precariedade, quando não de verdadeiro caos, que enfrentam em matéria de saneamento, saúde, transporte, segurança e habitação. E essa crise permanente não será vencida enquanto persistirem as condições atuais.

A verdade é que o poder público será incapaz de conseguir mais do que soluções temporárias para os problemas enquanto não for criada uma agência capaz de coordenar a administração da região, cuidando dos problemas comuns dos municípios que compõem o Grande Rio, com seus 12 milhões de habitantes.

Já existiu um órgão com essas características, a Fundação para o Desenvolvimento da Região Metropolitana; mas ela foi extinta há 15 anos. De lá para cá, somente agora surgiu uma nova tentativa ¿ na semana passada, com a criação do Conselho de Desenvolvimento da Baixada Fluminense, por iniciativa da Associação de Prefeitos daquela região, que reúne 13 municípios, em cerimônia presidida pelo prefeito de Nova Iguaçu, Lindberg Farias. É necessariamente apenas uma tentativa parcial de solução. E, infeliz e significativamente, não contou com representantes do governo do estado; o qual, no entanto, como lembra o pesquisador Luiz Cezar de Queiroz Ribeiro, da UFRJ, recebeu da Constituição de 1988, justamente, a atribuição de criar órgãos metropolitanos.

Essa integração é fundamental para uma administração consistente, e assim foi entendida na maior das regiões metropolitanas do país, a de São Paulo. Foi o que levou o governador Geraldo Alckmin a propor recentemente a criação do Conselho de Desenvolvimento daquele conjunto de 39 cidades com 17 milhões de habitantes.

Consórcios intermunicipais, como o proposto em São Gonçalo, podem ser um passo na direção certa para minorar os problemas dessas regiões metropolitanas afligidas pelo inchaço e a favelização provocados pelo êxodo do campo. Inadmissível é que disputas político-eleitorais continuem a impor uma fútil competição onde a seriedade do trabalho integrado é a única saída.