Título: DEPUTADO ABRE MÃO DE INDICAÇÃO MAS NÃO DE EXONERAR MULHER E IRMÃ
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Fonte: O Globo, 17/05/2005, O País, p. 10
BRASÍLIA. Está difícil encontrar um deputado que não tenha parentes empregados na Câmara e esteja disposto a presidir a comissão especial que analisará a emenda sobre o fim do nepotismo. A comissão seria instalada na próxima quinta-feira, mas ontem o deputado Carlos William (PMDB-MG), indicado pelo presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE), avisou que recusará o convite. O deputado confirmou a disposição de, em vez de comandar a discussão sobre o fim do nepotismo, manter os empregos da sua mulher, Laila, e da irmã, Regina, em seu gabinete.
O deputado disse que não sabe de quanto é o salário de seus parentes. Com a verba de gabinete de R$44.187, cada parlamentar pode contratar de cinco a 20 servidores.
¿ Minha mulher Laila advoga e acompanha meu eleitorado. Coordena minha agenda, viaja comigo. Ela faz de um tudo. Por acaso é também minha mulher. Minha irmã Regina atende meu eleitorado. Por enquanto, mantenho as contratações. Não posso fazer exonerações no calor da discussão ¿ disse William, que vai abrir mão de integrar a comissão.
Ao justificar a contratação da mulher e da esposa, Carlos William revelou-se também contrário ao fim do nepotismo. Ele defendeu Severino e disse que seria errado ele escolher para presidir a comissão um parlamentar reconhecidamente a favor da proposta de acabar com a prática em todo o serviço público.
¿ Se ele me escolheu , isso faz parte da democracia. Se fosse nomear uma pessoa que fosse a favor da matéria, também seria constrangedor.