Título: MURILO PORTUGAL ASSUME SECRETARIA DA FAZENDA
Autor: Martha Beck
Fonte: O Globo, 17/05/2005, Economia, p. 21

Economista é apontado como eventual sucessor de Henrique Meirelles no Banco Central

BRASÍLIA. O novo secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Murilo Portugal, assumiu ontem o cargo oficialmente. Sem realizar nenhuma cerimônia de posse, Portugal passou seu primeiro dia como braço-direito do ministro Antonio Palocci participando, com seu chefe, de reuniões na Casa Civil.

O novo secretário e Palocci não se separaram nem na hora do almoço. Aproveitaram para falar de trabalho até o momento em que o ministro teve que embarcar para São Paulo para participar de um encontro com representantes da Associação Brasileira de Agronegócios (Abag).

O dia ontem foi de reorganização no Ministério da Fazenda. Bernard Appy, que deixou a Secretaria-Executiva para assumir a Secretaria de Política Econômica (SPE) no lugar de Marcos Lisboa, também passou a segunda-feira analisando os projetos dos quais sua equipe vai passar a cuidar.

Novo secretário será articulador político

Apesar de estar chegando para integrar a equipe da Fazenda, nos bastidores, fontes do governo afirmam que Portugal poderia ser o eventual substituto de Henrique Meirelles à frente do Banco Central. Isso ocorreria caso o atual presidente decida deixar o cargo para concorrer ao governo de Goiás. Portugal também vem sendo considerado importante para fazer articulações políticas em áreas consideradas essenciais por Palocci como, por exemplo, a autonomia do Banco Central.

Economista representou o Brasil no FMI

O secretário-executivo já ocupou postos-chave da área econômica em vários governos. Considerado um técnico eficaz e um hábil negociador, antes de assumir o atual cargo ele era o representante do Brasil no Fundo Monetário Internacional (FMI) em Washington - para onde foi levado em 1998 pelo então ministro da Fazenda, Pedro Malan.

Nascido no Estado do Rio, Portugal tem 57 anos e é funcionário de carreira do Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea). Entre os cargos que já ocupou está o de chefe de Assuntos Macroeconômicos da Presidência, na gestão de Fernando Collor de Mello. Ele também foi secretário do Tesouro Nacional, onde ficou entre 1992 e 1998. Nesse período, conduziu com mão-de-ferro a execução do Orçamento e, por isso, é lembrado como o pai do arrocho fiscal.