Título: BOLÍVIA: PROTESTO POR MAIS ROYALTIES DO PETRÓLEO
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Fonte: O Globo, 17/05/2005, O Mundo / Ciencia e Vida, p. 26
Manifestantes se dirigem a La Paz para forçar governo de Carlos Mesa a modificar a nova Lei de Hidrocarbonetos
LA PAZ. Milhares de manifestantes desceram da vizinha El Alto sobre La Paz ontem para pressionar o governo a modificar a polêmica Lei de Hidrocarbonetos, que o presidente Carlos Mesa deve enviar hoje ao Congresso para aprovação final. O centro da capital ficou paralisado e houve confrontos com a polícia nas imediações da Praça Murillo, onde se encontram o Congresso e o Palácio Quemado, a sede de governo.
O protesto foi organizado pela Central Operária Departamental e por uma associação de moradores de El Alto, foco de uma insurreição que há 19 meses derrubou o presidente Gonzalo Sánchez de Lozada. A imprensa local estimou entre 10 mil e 20 mil o número de manifestantes.
O motivo da manifestação é a nova Lei de Hidrocarbonetos, que regulará a exploração do petróleo e do gás natural da Bolívia. A proposta original de Mesa era de 18% de royalties e 32% de impostos dedutíveis para o Estado, mas o Congresso a modificou, estabelecendo o mesmo percentual de impostos, mas sem possibilidade de descontos. Já os movimentos populares exigem 50% de royalties além de 32% de impostos. Mesa considera as duas propostas inaceitáveis.
Petrobras não pensa em fazer seguro de risco político
O líder cocaleiro Evo Morales, deputado e chefe do Movimento ao Socialismo (MAS), em marcha rumo a La Paz para pressionar o governo, atacou o presidente, a quem acusa de defender os interesses das multinacionais.
- Cada minuto que passa é um minuto a menos para a gestão do presidente da República - disse Morales.
Apesar da preocupação com os acontecimentos na Bolívia e da explosão de uma bomba em frente a sua sede em Santa Cruz de la Sierra na semana passada, a Petrobras ainda não está pensando em fazer algum seguro de risco político para as operações no país. A informação foi dada ontem pelo diretor Financeiro da empresa, Sérgio Gabrielli, ao explicar que ainda é muito cedo para se fazer alguma avaliação exata. Com um investimento de US$1,5 bilhão na Bolívia, a Petrobras é a maior empresa do país.
O diretor admitiu, no entanto, que, dependendo da evolução dos fatos, com as mudanças na legislação no país, a Petrobras poderá mudar seus planos de investimentos.
Legenda da foto: POLICIAIS ENTRAM em choque com manifestantes no centro de La Paz: polêmica sobre lei no Congresso