Título: PT DERRUBA INDICAÇÃO DE MORAES
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Fonte: O Globo, 19/05/2005, O País, p. 3

Mercadante impede que ex-secretário assuma vaga no Conselho de Justiça

BRASÍLIA. Depois de amargar derrotas consecutivas no Congresso e em meio às articulações do Palácio do Planalto para tentar barrar a instalação da CPI dos Correios, o líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), decidiu dar o troco à oposição. Nos bastidores, Mercadante articulou uma operação e conseguiu derrubar a indicação de Alexandre de Moraes, ex-secretário de Justiça de São Paulo, para a vaga da Câmara no Conselho Nacional de Justiça. Apoiado pelo PSDB e pelo PFL, Moraes era o candidato do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB). Seu nome só conseguiu 39 votos favoráveis, dois a menos que o necessário para confirmar a nomeação.

Antes do início da votação, houve um bate-boca entre Mercadante e Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), que disse que Lula é conivente ao não demitir funcionários acusados de corrupção e lembrou o impeachment de Fernando Collor.

Após a derrota, a oposição foi para o contra-ataque. Da tribuna, o líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM), chamou Mercadante de mesquinho, sem citar seu nome, e garantiu que está pronto para o confronto, já que considera irreversível a instalação da CPI.

¿ Isso corresponde a uma pequena mesquinharia de um candidato pequeno ao governo de São Paulo. Lamento que o governo revele pouca compostura e seriedade.

¿ Havia mesmo uma certa resistência ao nome do Alexandre. É próprio da democracia, faz parte da disputa ¿ disse Mercadante.

Sessão no Senado foi marcada pela confusão

No comando da sessão, o vice-presidente do Senado, Tião Viana (PT-AC), tentou controlar o tumulto. Deu a palavra ao ex-presidente José Sarney (PMDB-AP), que apelou para o bom senso dos colegas e sugeriu a repetição da votação.

¿ Esta é uma Casa política e a ninguém interessa prejudicar a imagem do Congresso. Melhor seria repetir a votação ¿ disse Sarney.

Mercadante concordou com a idéia de Sarney, mas se defendeu dos ataques da oposição.

¿ O governo foi derrotado outro dia na indicação do José Fantini para a direção da Agência Nacional de Petróleo sem que houvesse qualquer argumento público contra sua nomeação.

¿ O clima, que já estava ruim, só piorou. Agora implodiu tudo ¿ disse Tasso Jereissati (PSDB-CE).

O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB- AL), anunciou que só repetiria a votação se houvesse apoio unânime. Como não houve acordo e a oposição se recusou a seguir apreciando as demais indicações para o CNJ, ele encerrou a sessão. Caso a Câmara não apresente outra indicação, caberá ao presidente do STF, Nelson Jobim, indicar um nome para substituir o de Moraes. (A.V. e L. M.)