Título: Assembléia pede afastamento de 7 deputados de Rondônia
Autor: Demétrio Weber
Fonte: O Globo, 19/05/2005, O País, p. 9

ESCÂNDALOS EM SÉRIE: STJ APROVOU PEDIDO DE INTERVENÇÃO

Cassol pode responder por crime de responsabilidade

BRASÍLIA. A comissão especial da Assembléia Legislativa de Rondônia criada para apurar o envolvimento de deputados em cobrança de propina pediu ontem o afastamento por 30 dias dos sete deputados estaduais que aparecem em fita de vídeo tentando extorquir dinheiro do governador Ivo Cassol (PSDB). A decisão seria votada em plenário na Assembléia ontem à noite, em sessão extraordinária. Gravadas por Cassol, as imagens dos sete deputados pedindo propina foram ao ar no ¿Fantástico¿ no último domingo.

A comissão especial aprovou a suspensão temporária dos mandatos dos deputados Ellen Ruth (PP), Ronilton Capixaba (PL), Emílio Paulista (sem partido), Amarildo Almeida (PDT), João da Muleta (PMDB), Kaká Mendonça (PTB) e Daniel Néri (PMDB). O prazo de 30 dias poderá ser renovado por igual período.

¿ É o começo. Tem que haver punição ¿ disse Cassol.

Deputada é substituída na relatoria

Ao mesmo tempo que investiga a tentativa de extorsão, a Assembléia decide se aceita ou não a acusação de crime de responsabilidade que pode levar ao impeachment do governador. Ele é acusado de fazer alterações no orçamento estadual sem consultar a Assembléia. A comissão encarregada de analisar o tema também se reuniu ontem e teve de escolher um novo relator para substituir a deputada Ellen Ruth.

Ela aparece na fita de vídeo tentando extorquir dinheiro do governador e renunciou ao cargo de relatora. O mesmo fizeram os deputados Ronilton Capixaba (PL) e Amarildo Almeida (PDT), que também aparecem na fita. O novo relator, deputado Leudo Buriti (PTB), propôs que a comissão aceite a denúncia contra Cassol.

As manifestações de rua ontem contra a corrupção no estado foram bem menos violentas do que na véspera, quando estudantes depredaram a Assembléia Legislativa e a sede do governo do estado.

O Ministério Público Federal divulgou nota informando que recebeu uma fita e um documento de Cassol em fevereiro com denúncias de irregularidades. Segundo a nota, o conteúdo da fita é diferente do que foi ao ar no ¿Fantástico¿. O governo disse que, na fita entregue ao MPF, um assessor de um deputado estadual falaria sobre esquemas no estado. O governador disse que vai a Brasília na segunda-feira para entregar todas as fitas ao procurador-geral da República, Claudio Fonteles.

Cassol também terá de enfrentar um novo problema: o Superior Tribunal de Justiça (STJ) aprovou ontem um pedido de intervenção federal no estado. O motivo foi a falta de cumprimento pelo governo de uma ordem judicial de 1998 que determinava a reintegração de posse de fazendas particulares invadidas pelo Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST).

COLABOROU: Carolina Brígido