Título: TAXA DE DESMATAMENTO NA AMAZÔNIA SOBE 6%
Autor: Evandro Éboli
Fonte: O Globo, 19/05/2005, O País, p. 12

Destruição na região atingiu área de 26.130 quilômetros quadrados. Crescimento foi o triplo do esperado pelo governo

BRASÍLIA. A área desmatada na Amazônia aumentou muito mais do que esperava o governo. O desmatamento entre agosto de 2003 a agosto de 2004 atingiu uma área total de de 26.130 quilômetros quadrados, 6% a mais que os 24.597 quilômetros quadrados registrados entre 2002 e 2003. A estimativa do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) era de que o aumento fosse de apenas 2%. Segundo a organização não-governamental WWF, a área de floresta destruída na Amazônia ao longo dos anos chega a 17,5% da região. A área desmatada no último período analisado equivale à de Alagoas.

Ministros demonstram insatisfação com índices

O anúncio foi feito pelos ministros Ciro Gomes (Integração Nacional), Marina Silva (Meio Ambiente) e Eduardo Campos (Ciência e Tecnologia). Os três demonstraram insatisfação com a taxa captada pelos satélites do Inpe.

¿ Estamos inquietos com esses números. Mas o governo está adotando um conjunto de providências que está mudando esse quadro ¿ disse Ciro.

Marina considerou o número muito alto e afirmou que os esforços que estão sendo feitos pelo governo ainda não foram alcançados pelo levantamento do Inpe. Entre essas medidas, a ministra citou o Plano de Controle de Prevenção ao Desmatamento, cujas ações estão em curso, como criação de unidades de conservação, medidas de combate à grilagem de terra e ampliação da fiscalização.

Taxa de desmatamento diminuiu em quatro estados

Pelo levantamento, a taxa de desmatamento foi reduzida em quatro dos seis estados da Amazônia onde se localiza o Arco do Desmatamento. Mas aumentou muito em dois estados. Em Mato Grosso, o aumento foi de 20%. A área desmatada no estado, de 12.586 quilômetros quadrados, representa quase a metade do total desmatado na Amazônia.

Já em Rondônia, o aumento foi de 23% em relação a última aferição, entre 2002 e 2003. A área devastada foi de 4.141 quilômetros quadrados.

Os estados que conseguiram reduzir o desmatamento foram Tocantins, Maranhão, Acre, Amazonas e Pará. Marina comemorou essa diminuição, em especial no Pará.

¿ As ações do governo estão aparecendo. Vamos priorizar Mato Grosso e Rondônia para reduzir também lá o desmatamento ¿ disse ela.

Pelo levantamento, os municípios com mais desmatamento são Aripuanã (MT), com 346,51 hectares desmatados; Novo Progresso (PA), com 311,42 hectares desmatados; e Altamira (PA), com 290,61 hectares desmatados.

Entidades criticaram os números e consideram alta a taxa de desmatamento anunciada pelo governo. A WWF-Brasil divulgou nota afirmando que os números demonstram que o governo federal ainda não adotou o desenvolvimento sustentável como política para a Amazônia.

¿O Ministério do Meio Ambiente tenta fazer sua parte ao criar áreas protegidas, um mecanismo comprovadamente eficaz, mas não suficiente para frear o avanço do desmatamento. É preciso convencer empresas e governos a dar uso social e econômico às florestas de modo efetivo¿, afirmou a secretária-geral da WWF-Brasil, Denise Hamú, na nota da entidade.

Ministério faz balanço de unidades de conservação

O Ministério do Meio Ambiente apresentou um balanço das unidades de conservação criadas na Amazônia. Segundo esses dados, e feita uma projeção, o governo irá criar uma área total de 24,7 milhões de quilômetros quadrados em unidades de conservação. A área acumulada de unidades até hoje será de 55,4 milhões. O atual governo seria responsável, então, por 44,62% do total. Marina afirmou que essa contribuição demonstra que a preservação da Amazônia é uma prioridade de sua pasta.

Sobre os vilões do desmatamento, a ministra afirmou:

¿ O desmatamento dialoga com o desenvolvimento. São ações predatórias de madeireiros, pecuaristas e agricultores que provocam o desmatamento.