Título: DEFESA SEM DESCER DO SALTO
Autor: Paula Autran
Fonte: O Globo, 18/05/2005, Rio, p. 18

Mulheres aprendem em academia técnicas contra assalto

Cuidado, assaltantes e galanteadores mais atrevidos: mulheres armadas de celulares, revistas e escovas de cabelo estão sendo preparadas para reagir às suas investidas. Como adiantou ontem Ancelmo Gois, em sua coluna no GLOBO, a Academia Stella Torreão, na Fonte da Saudade, lançou este mês um workshop, de cinco aulas de defesa pessoal, para ensinar às mulheres como usar objetos que levam nas bolsas contra os agressores.

O professor Adriano Renzei - lutador há 15 anos e desde 1998 mestre em kombato, sistema de combate militar usado pelos fuzileiros brasileiros - já tem dez alunas. Ele ensina às moças, de idades variadas, como prevenir ataques e técnicas contra agarramento, socos e chutes, além, claro, de pontos no corpo do homem a serem golpeados.

- Com as mãos vazias, é melhor atacar cartilagens, como o nariz, e pontos nervosos e articulações, como os joelhos, além dos genitais - explica Adriano, acrescentando que os golpes que ensina não exigem força, e sim cérebro. - Eles não são bonitos, mas eficazes. Elas não são treinadas para serem lutadoras e ganharem prêmios. Apenas para se livrarem de violência e inconvenientes.

Alunas como a publicitária Roberta de Carvalho, de 25 anos, terão lições sobre como livrar-se de um agarrão quebrando o dedo mindinho do agressor ou atingindo-o com o salto na canela ou joelhos:

- Não sou psicótica com violência, nem vou sair por aí brigando. Mas achei importante ter algumas noções para me livrar de situações inconvenientes, como homens que puxam cabelo para nos abordar em boates.

Segundo Adriano, metade da turma já passou por algum tipo de violência. A idéia do workshop, que acontece aos sábados de manhã, surgiu porque, em cursos anteriores, havia grande procura de mulheres, geralmente preocupadas com assaltos, estupros e violências contra os filhos.

- Muitas ficavam intimidadas com a presença de homens na turma. Além do mais, há diferenças entre os ataques a homens e a mulheres. Com elas, geralmente o agressor é maior, está armado e não está sozinho - ensina Adriano. - A melhor defesa é evitar a agressão com ronda visual e observação. Se não funcionar, aí é preciso decisão e ação.

Legenda da foto: O PROFESSOR Adriano ensina à aluna como defender-se com o celular