Título: GOVERNO PROJETA RESULTADOS DA VISITA DE LULA A CORÉIA E JAPÃO
Autor: Cristiane Jungblut/Eliane Oliveira
Fonte: O Globo, 18/05/2005, Economia, p. 23

Viagem prevê seminários nos dois países e Itamaraty estima ganhos comerciais imediatos de US$1,5 bi

BRASÍLIA. A viagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à Coréia do Sul e ao Japão deverá ter resultados comerciais imediatos. A estimativa do Itamaraty é que serão fechados contratos da ordem de US$1,5 bilhão, a maior parte deles com a iniciativa privada japonesa, nas áreas de energia, construção civil e infra-estrutura.

Segundo o diretor do Departamento de Promoção Comercial do Itamaraty, Mário Vilalva, a meta é retomar o volume de negócios entre Brasil e Japão registrado na década de 80. Em 2004, o Brasil exportou US$2,7 bilhões ao Japão, contra US$2,8 bilhões em importações daquele país. No caso da Coréia, foi exportado US$1,4 bilhão e importado US$1,7 bilhão.

Durante a viagem, serão realizados seminários com a participação de cerca de 500 empresários, dos quais 300 dos lugares visitados e 200 brasileiros. Para convencer japoneses e coreanos de que o Brasil é um bom local para investir e comprar, a comitiva contará com a participação do presidente Lula e dos ministros Luiz Fernando Furlan (Desenvolvimento), Antonio Palocci (Fazenda) e Dilma Rousseff (Minas e Energia), além do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles.

- Nosso principal desafio é mostrarmos que não somos apenas exportadores de matérias-primas, mas também de manufaturados - afirmou Furlan.

Enquanto na Coréia o principal interesse é em infra-estrutura, no Japão a intenção de governo e empresários brasileiros será vender etanol para aquele país, que permite a adição de 3% do produto por litro de gasolina. Serão apresentados projetos para a produção de etanol em módulos de 60 mil hectares, incluindo plantação e produção, com investimentos de US$150 milhões por módulo e produção anual de 480 milhões de litros de álcool.

Comitiva terá que convencer japoneses sobre etanol

Lula chega a Seul, na Coréia, no dia 23, e depois segue para o Japão, onde fica até o dia 28. O governo está otimista sobre a perspectiva de voltar com entendimentos para exportações do etanol, mas no caso dos japoneses os brasileiros terão que vencer desconfianças sobre as condições de fornecimento.

- Há uma preocupação com a garantia do abastecimento - disse Vilalva.

Furlan acrescentou que a taxa de câmbio ainda não afetou as exportações, que somaram US$105 bilhões no acumulado dos últimos 12 meses e continuam registrando uma média diária de US$400 milhões. Ele assegurou que, em maio, as vendas externas baterão um novo recorde. O ministro admitiu que há setores que estão perdendo competitividade, especialmente os que usam mão-de-obra intensiva. Porém, lembrou que outros segmentos estão com os preços elevados no mercado internacional, como açúcar, suco de laranja e café:

- Há setores que estão perdendo espaço e há setores que continuam crescendo, como a siderurgia e alguns segmentos da agricultura.