Título: COTAS: BRASIL ESTUDA PROPOSTA ARGENTINA
Autor: Janaína Figueiredo
Fonte: O Globo, 18/05/2005, Economia, p. 24

Limite para importação de calçados brasileiros seria de 13 milhões de pares

BUENOS AIRES. Fabricantes brasileiros e argentinos de calçados começaram a negociar ontem, em Buenos Aires, a implementação de cotas para as vendas brasileiras no mercado argentino. Segundo informaram negociadores de ambos os países, a Argentina pretende impor uma cota de 13 milhões de pares de sapato por ano, barreira que vigoraria durante dois anos. A proposta dos argentinos, que conta com forte respaldo do governo local, será estudada pelos representantes do Brasil, que voltarão à Buenos Aires no dia 23 de maio.

- Existe boa predisposição de ambas as partes - assegurou o secretário da Industria argentino, Miguel Peirano.

Perguntado sobre qual seria a estratégia a seguir pela Argentina caso os empresários não consigam alcançar um entendimento, Peirano foi enfático, dando a entender que a negociação de barreiras e cotas deve continuar:

Em 2004, o Brasil aceitou limitar voluntariamente a 13 milhões de pares de sapato ao ano, suas exportações de calçados para a Argentina. De acordo com dados oficiais, as importações de calçados brasileiros foram de 15,3 milhões de pares. No entanto, deste total, 2,1 milhões foram chinelos de plástico, que, na visão dos negociadores brasileiros, não ameaçam a produção argentina. Já o secretário argentino discordou.

- (Os chinelos) substituem a produção nacional de calçados - argumentou Peirano.

O secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento, Marcio Fortes de Almeida, disse, após o encontro com Peirano, que considera possível que empresários do setor de calçados cheguem a um acordo para limitar as exportações brasileiras para o mercado argentino e afirmou, ainda, que no encontro foram analisados problemas vinculados às importações argentinas de cebola e arroz no mercado brasileiro. Ontem, também avançaram as negociações para limitar as importações de vinho argentino pelo Brasil.