Título: FGV APURA INFLAÇÃO ZERO PELO IGP-10
Autor: Carlos Vasconcellos
Fonte: O Globo, 18/05/2005, Economia, p. 25

Preços no atacado caem com safra e câmbio, mas sobrem para consumidor

A inflação dá novos sinais de que está perdendo fôlego. Em maio, o Índice Geral de Preços 10 (IGP-10) teve variação zero (0%), depois de uma alta de 1,17% no período anterior. O recuo na taxa - medida pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) entre 11 de abril e 10 de maio - foi puxado pelas matérias-primas agrícolas e pelos insumos industriais.

Com isso, o Índice de Preços do Atacado, que tem peso de 60% no IGP-10, registrou deflação de 0,43% no período, depois de um avanço de 1,43%. Já o Índice de Preços ao Consumidor - responsável por 30% da taxa geral - passou de 0,75% para 0,93%. E o Índice Nacional de Custos da Construção (corresponde a 10% do IGP-10) também subiu: de 0,38% para 0,64%.

Para Salomão Quadros, coordenador de Análises Econômicas da FGV, a queda era esperada, pois a o índice vinha apresentando redução no ritmo nos últimos meses. Segundo ele, a tendência é que essa redução de preços no atacado diminua as pressões inflacionárias para o consumidor.

- Isso pode acontecer ao longo dos próximos dois meses - diz Quadros.

Grupos alimentação e saúde registram alta de até 1,24%

O economista acredita que o IGP-10 de maio influi nas expectativas de inflação, consideradas pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), que fixará hoje a taxa básica de juros. Quadros, no entanto, não aposta em redução imediata da Taxa Selic (atualmente em 19,5% ao ano).

- Para cair, o BC provavelmente vai esperar ver quanto da queda de preços no atacado chegará de fato ao varejo.

A queda no preço das matérias-primas agrícolas deve-se, entre outros fatores, à chegada do período de colheita, especialmente da soja e do milho, o que reduz a pressão inflacionária sobre esse segmento.

- Além disso, os preços já haviam chegado a seu patamar máximo nos meses anteriores, por causa da estiagem no Sul - lembra Quadros - Com isso, o efeito da quebra de safra já desapareceu na origem da cadeia produtiva e na fase inicial do ciclo industrial.

A valorização do real também foi responsável pela redução da inflação no atacado, especialmente em relação a insumos industriais, destacou Quadros. Outro recuo importante foi no grupo de combustíveis e lubrificantes para produção, cuja taxa baixou de 3,01% em abril para 0,82% em maio.

Para o consumidor, a inflação teve altas importantes. O grupo alimentação subiu de 0,89% para 1,24% no período, e o segmento de saúde e cuidados pessoais, de 0,39% para 1,23%. O efeito do aumento das tarifas urbanas de transportes, porém, diminuiu. No grupo, a inflação passou de 2,32% para 1,18%.