Título: LIGHT CONCLUI NOVA NEGOCIAÇÃO DE DÍVIDA DE R$1,78 BILHÃO COM BANCOS
Autor: Ramona Ordoñez
Fonte: O Globo, 18/05/2005, Economia, p. 29

Com o acordo, empresa espera crédito de R$727 milhões no BNDES

A Light informou ontem à noite à Comissão de Valores Mobiliários (CVM, reguladora do mercado de capitais no país) que finalmente concluiu a nova negociação com os bancos privados credores de sua dívida de R$1,78 bilhão. Cerca de 70% dessa dívida são em moeda estrangeira. Com o novo acordo, a Light alongou o prazo de pagamento, e não está previsto qualquer desembolso ainda neste ano.

As dívidas totais da Light chegam a cerca de US$1,5 bilhão (R$3,7 bilhões considerando a cotação do dólar de ontem) - o resto é com sua controladora, a Électricité de France (EDF), e outros credores.

Agora, a diretoria da distribuidora de energia elétrica em 33 municípios do Estado do Rio vai solicitar o desembolso de um empréstimo no BNDES no valor de R$727 milhões (cerca de US$330 milhões). O empréstimo à Light - que já estava sendo analisado pelo banco - faz parte de um programa de financiamento às empresas do setor elétrico que estão em dificuldade financeira. O prazo para a liberação do empréstimo termina no próximo dia 30 de junho.

A renegociação da dívida com os bancos credores era condição fundamental para a Light obter o financiamento do BNDES, e com isso efetuar a reestruturação de suas dívidas totais. Agora, o empréstimo de US$400 milhões concedido pela EDF será transformado em maior participação no capital. Com a renegociação com os bancos e a conversão da dívida com a controladora em capital, o endividamento total da Light ficará em torno de US$1,3 bilhão.

Adiamento de reajuste frustrou acordo anterior

Em outubro do ano passado, a Light anunciou que tinha fechado a renegociação de sua dívida com os bancos privados, com o objetivo de ajustar seu nível de endividamento à real capacidade de geração de caixa da distribuidora. Mas, em novembro, não recebeu da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) o reajuste das tarifas pleiteado, e ficou com uma receita bem menor do que a prevista.

Com isso, a empresa foi obrigada a refazer todas as contas e a voltar a renegociar as condições de pagamento das dívidas com os bancos credores.

Todos os cálculos da Light na renegociação do ano passado com os bancos haviam sido feitos com base em uma receita que seria obtida com um reajuste tarifário de 17,61%. No entanto, a Aneel concedeu uma correção de 5%. A Light entrou com pedido de revisão na Aneel, que este ano decidiu autorizar um reajuste complementar de 6,13%. Mas como a lei do Plano Real não permite dois reajustes num espaço de tempo inferior a 12 meses, o novo aumento foi adiado para novembro.

Segundo o comunicado distribuído pela Light ontem, os juros acumulados e não pagos até a data da celebração do novo acordo serão convertidos em principal da dívida, de forma a compor o valor total do que foi repactuado.