Título: VARIG QUER BNDES COMO GESTOR TEMPORÁRIO
Autor: Érica Ribeiro/Geralda Doca
Fonte: O Globo, 18/05/2005, Economia, p. 30

Fundação Ruben Berta aceita deixar controle e transferir ações para um fundo até companhia ter novo dono

BRASÍLIA e RIO. O presidente do Conselho de Curadores da Fundação Ruben Berta (FRB), Ernesto Zanata, afirmou ontem, em audiência pública no Senado, que a fundação aceita deixar o controle da Varig - e, para ratificar essa posição, vai transferir suas ações para um fundo que, a pedido da própria FRB, seria administrado pela BNDESPar, a empresa de participações do BNDES. Esse fundo seria o gestor temporário da empresa e responsável pela negociação com novos investidores. Ao ser escolhido o novo controlador, o fundo seria extinto e as ações, transferidas.

A proposta foi feita pela Varig ao BNDES na semana passada, numa reunião intermediada pelo vice-presidente da República e ministro da Defesa, José Alencar. Se o banco der o aval, na prática o governo - mesmo sem colocar recursos públicos - tomaria a frente da reestruturação, já que faria a transição. O BNDES não quis se pronunciar.

- Seria um gesto de boa vontade para acabar com certas premissas e dar credibilidade ao processo - disse Zanata.

A reestruturação prevê ainda a venda de 20% do capital da Varig para a portuguesa TAP, por US$200 milhões. Segundo fontes próximas à empresa, cerca de 20% desse montante seriam pagos imediatamente, para dar fôlego à companhia.

A transação prevê um code-share entre as empresas: a Varig ficaria responsável pelo transporte dos passageiros do Brasil e de outros países da América Latina para a Europa, e a TAP faria a distribuição desses passageiros nos países europeus. Com isso, a Varig poderá abrir mão de rotas e aeronaves sem perder muito mercado, e seria bom para a TAP, que busca se consolidar como porta de entrada no Atlântico Sul num momento em que o setor aéreo europeu se prepara para um enxugamento.

Zanata destacou que a FRB manteria uma participação minoritária na Varig. Pela proposta entregue ao BNDES, os trabalhadores também poderão participar da reestruturação, transformando créditos trabalhistas em ações.

Durante a audiência, o líder do PT no Senado, Delcídio Amaral (MS), disse que o problema da Varig não será resolvido sem a participação do governo. Como relator do projeto que cria a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), ele afirmou que pode incluir no relatório a ser apresentado no fim deste mês medidas que ajudariam a empresa, como o acerto de contas entre o que a Varig tem a receber do governo (pelo congelamento de tarifas do Plano Cruzado) e o que deve. O governo tem se posicionado contra.

Gol amplia de R$112 na ponte Rio-São Paulo

A Infraero depositou ontem o cheque de R$9,1 milhões entregue pela Varig na semana passada para pagamento de tarifas aeroportuárias em atraso, no período de 24 de abril a 6 de maio. De acordo com a estatal, a Varig agora honra o pagamento diário de tarifas, no valor de R$1,3 milhão. O pagamento de ontem, neste valor, foi efetuado.

A Gol ampliou em 50% a oferta de assentos em seus vôos na ponte aérea Rio-São Paulo na menor tarifa oferecida para o trecho, de R$112. Com isso, a tarifa, que antes era vendida apenas nos horários de pico, agora pode ser encontrada em todos os 48 vôos da Gol na ponte aérea (24 trechos para cada lado). A empresa não informou quantos assentos a R$112 estão à venda nos vôos.