Título: CHINA REBATE CRÍTICAS DE EUA E UE
Autor: Guilherme Scofield Jr.
Fonte: O Globo, 19/05/2005, Economia, p. 25

Governo diz que acusações de manipulação do câmbio são infundadas

PEQUIM e CINGAPURA. A China rebateu ontem as críticas dos americanos sobre seu sistema cambial e atacou as medidas da Europa e dos EUA contra as exportações chinesas de têxteis. A guerra de palavras reflete um crescente mal-estar político entre os lados envolvidos. O Tesouro dos EUA alertou na terça-feira que a China pode acabar sendo classificada como parceiro comercial manipulador a menos que flexibilize o yuan. O ministro do Comércio chinês, Bo Xilai, respondeu que seu país está analisando o comentário do Tesouro, mas que discorda dessa opinião:

- Eu acho que eles não estão sendo razoáveis.

O Tesouro disse ainda que as práticas cambiais chinesas são distorcidas e um risco para a expansão econômica mundial. Se provado que a China está manipulando sua moeda, o país poderia sofrer retaliações sob as leis internacionais.

- Concordamos que um regime mais flexível seria melhor para a economia da China, mas não há um momento para a mudança, já que as condições não estão prontas ainda - disse Wei Benhua, vice-chefe do órgão regulador de câmbio.

Wei afirmou que as acusações de que a China está deliberadamente mantendo o yuan baixo são infundadas e que os EUA devem colocar "a própria casa em ordem antes de acusar os outros" por seu déficit comercial.

O banco central da China permitiu ontem, numa decisão histórica, que sete grandes bancos comerciais estrangeiros - Citigroup, HSBC, Deutsche Bank, ABN Amro, ING, Royal Bank of Scotland e Banco de Montreal - e três estatais - Bank of China, Citic Industrial Bank e ICBC - façam operações de câmbio no mercado doméstico. Embora as operações envolvam sete moedas (euro, iene, dólar de Hong Kong, libra esterlina, franco suíço, dólar australiano e dólar canadense) mas não incluam o yuan, como se esperava, analistas vêem o novo sistema como um passo para um câmbio mais flexível. A ampliação das operações de câmbio no país dará mais clareza sobre o custo real do yuan, disseram analistas reunidos na 9ª edição do Fortune Global Forum, que terminou ontem em Pequim.

(*) Com agências internacionais