Título: ARGENTINA GANHA NOVO FÔLEGO DO FMI
Autor: Janaína Figueiredo
Fonte: O Globo, 19/05/2005, Economia, p. 25

Organismo prorroga por um ano prazo de pagamento da dívida do país

BUENOS AIRES. O governo do presidente da Argentina, Néstor Kirchner, obteve ontem um importante sinal de apoio do Fundo Monetário Internacional (FMI), o primeiro desde que o país suspendeu o acordo com o organismo, em meados de 2004. A diretoria do organismo multilateral aprovou, por unanimidade, a prorrogação por um ano do prazo de pagamento de 22 parcelas da dívida da Argentina com o Fundo, no total de US$2,508 bilhões, que vencem entre o próximo dia 20 de maio e 28 de abril de 2006.

- Trata-se de mais um passo na negociação (de um novo entendimento) com o organismo multilateral - afirmou o ministro da Economia, Roberto Lavagna.

Notícia alivia tensão entre Kirchner e Lavagna

A boa notícia chegou em momentos de forte tensão entre Lavagna e o presidente. Segunda-feira passada, durante um encontro com representantes da comunidade judaica, o ministro criticou "o populismo setentista, cujo raciocínio é: agora (que o país está crescendo) vem o crédito, o subsídio, o aumento do gasto público". As declarações de Lavagna foram interpretadas pela imprensa local como um claro recado a Kirchner que, segundo seus opositores, pretende utilizar o superávit fiscal obtido pelo governo para elevar o gasto público aumentando salários e financiando movimentos sociais aliados ao governo.

Nos últimos dois dias, circularam vários rumores sobre a possível renúncia de Lavagna, mas todos foram desmentidos pela Casa Rosada, que insiste em negar qualquer conflito entre o presidente e o ministro da Economia.

Com este pano de fundo, o sinal verde do FMI foi comemorado pelo governo Kirchner, que aguardava com grande expectativa o resultado da reunião de ontem. Na véspera, o secretário de Finanças, Guillermo Nielsen, admitira que o superávit fiscal projetado para os próximos meses do ano não seria suficiente para financiar a máquina estatal e o pagamento da dívida argentina com os organismos internacionais.