Título: JUSTIÇA QUEBRA SIGILO BANCÁRIO DE GRILEIRO NO PA
Autor:
Fonte: O Globo, 20/05/2005, O País, p. 10

Delsão é acusado de assassinato e exploração de trabalho escravo

SÃO PAULO. Um dos principais acusados de encomendar assassinatos, grilar e desmatar áreas da Amazônia, Décio José Barroso Nunes, o Delsão, teve a quebra de sigilo bancário e telefônico determinada pela Justiça do Pará. A CPI mista da Reforma Agrária já havia decretado a quebra de seu sigilo, mas a medida foi derrubada por decisão do Supremo Tribunal Federal, em março.

Delsão tem cerca de 130 mil hectares de terras, a maior parte grilada do estado e da União, segundo levantamento do Incra em Marabá. São pelo menos quatro fazendas e sete madeireiras, que já provocaram cerca de 500 denúncias trabalhistas, a maioria por trabalho escravo em mata fechada, além de venda ilegal de madeira.

Delsão também é suspeito de assassinato, segundo o promotor Mauro de Almeida, autor do pedido de quebra de sigilo. O fazendeiro é acusado de ser o mandante da morte do líder sindical José Dutra da Costa, o Dezinho. Pesam ainda contra Delsão vários inquéritos, alguns desaparecidos após arrombamento no cartório criminal da cidade, como mostrou O GLOBO em 16 de janeiro, em reportagem sobre o coronelismo na região.

Os advogados de Delsão informaram ontem que ainda não tinham conhecimento da medida, mas que devem recorrer da decisão, assim como fizeram com relação à CPI.