Título: NA MALA, NEGÓCIOS COM CORÉIA DO SUL E JAPÃO
Autor: Cristiane Jungblut
Fonte: O Globo, 22/05/2005, O País, p. 16
Lula vai à Ásia com ministros e empresários em busca de investimentos e de mercados para produtos nacionais
SEUL, Coréia do Sul. Pelos próximos cinco dias o presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai tentar administrar, à distância, as turbulências políticas em Brasília. Ele embarca hoje para a visita à Ásia, onde terá uma agenda basicamente econômica. À Coréia do Sul, primeira etapa da viagem, e ao Japão o presidente vai em busca de mais investimentos no Brasil e disposto a vender etanol como o combustível alternativo para o futuro. Em dois anos e meio de mandato, esta será a 47ª viagem internacional de Lula, a oitava somente em 2005.
Lula espera resultados econômicos efetivos da visita à Ásia, ao contrário de sua última viagem internacional, a cinco países da África, que teve um objetivo mais político-diplomático e menos comercial. O presidente, segundo diplomatas que prepararam a viagem, quer fazer a visita mais importante de um mandatário brasileiro ao Japão.
No caso da Coréia do Sul, Lula será o segundo presidente brasileiro a visitar o país: Fernando Henrique Cardoso esteve lá em 2001. Foi também Fernando Henrique quem esteve pela última vez no Japão, há quase uma década. Em 2004, Lula recebeu em Brasília o primeiro-ministro do Japão, Junichiro Koizumi, e o presidente da Coréia do Sul, Roh Moo-Hyun.
Empresários integram grupo
O tom econômico da viagem fica evidente no grande número de empresários que vão participar da missão brasileira: 190 na viagem à Coréia e 242 ao Japão. Na comitiva oficial, Lula estará acompanhado dos ministros Antonio Palocci (Fazenda), Roberto Rodrigues (Agricultura), Luiz Fernando Furlan (Desenvolvimento) e Celso Amorim (Relações Exteriores), além do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles. A lista incluía ainda José Dirceu (Casa Civil), mas poderá sofrer alterações de última hora. Com o discurso de que a economia brasileira é sólida, Lula e seus ministros participarão de seminários com investidores e empresários dos dois países. A iniciativa, chamada "Brasil e parceiros: oportunidades de investimentos", já foi realizada em Nova York e Genebra.
O presidente justifica sua maratona de viagens internacionais afirmando que elas são importantes para a política externa e ajudam a melhorar as exportações do país.
¿ E vamos lá (Coréia e Japão) com os nossos produtos embaixo do braço. Tenho dito sempre: em vez de ficar aqui reclamando das coisas, vamos botar o pé na estrada e vamos mostrar o que a gente produz para o mundo inteiro ¿ disse Lula no início da semana, em seu programa quinzenal de rádio "Café com o presidente".
Em Seul, Lula vai a fórum da ONU
O presidente desembarca amanhã à noite em Seul, capital da Coréia do Sul. Na manhã do dia 24, Lula participa do VI Fórum Global sobre Reinvenção do Governo, iniciativa apoiada pela ONU. No encontro de trabalho com o presidente sul-coreano, previsto para quarta-feira, será discutido como melhorar a relação comercial com o país, terceiro maior parceiro de negócios do Brasil na Ásia.
¿ Lula tem muito interesse no mercado asiático, e a Coréia tem interesse nos recursos naturais no Brasil e em sua economia. A política econômica do Brasil está na direção certa. O presidente vai mostrar aos empresários as vantagens de investir aqui ¿ diz o embaixador da Coréia no Brasil, Kwang-Dong Kim.
No dia 26, Lula estará em Tóquio. No encontro com Koizumi será discutida, além dos assuntos econômico-comerciais, uma questão política defendida pelos dois países: a reforma do Conselho de Segurança das Nações Unidas.
O Brasil quer avançar nas negociações da exportação de etanol para o Japão ¿ a segunda maior economia do mundo. Os japoneses já aprovaram mudança na legislação que permite a adição de 3% de etanol à gasolina. Mas não estão certos de que os produtores brasileiros tenham capacidade para fornecer o produto em grande escala. O diretor do Departamento de Promoção Comercial do Ministério das Relações Exteriores, Mário Vilalva, reconheceu que há essa preocupação, mas está otimista com a expansão das relações comerciais.
¿ Queremos introduzir um novo paradigma nas relações com o Japão, com investimentos na iniciativa privada, em joint-ventures ¿ afirmou.
Segundo o Ministério das Relações Exteriores, durante a viagem deverão ser fechados contratos comerciais entre empresários dos países num total de US$1,5 bilhão.