Título: Virgílio recebe suspensão de um ano
Autor: Flávio Freire
Fonte: O Globo, 23/05/2005, O País, p. 4

SÃO PAULO. A direção nacional do PT suspendeu por um ano os direitos partidários do deputado federal Virgílio Guimarães (MG). Nesse período, o petista não poderá representar o partido em nenhuma instância, inclusive em comissões na Câmara. A punição foi dada com base numa resolução da executiva nacional da legenda, que em março deste ano entendeu que o parlamentar feriu o regimento interno disciplinar ao lançar candidatura avulsa para a presidência da Câmara. O PT indicara Luiz Eduardo Greenhalgh para a disputa.

¿ Ao aplicar sanção disciplinar, o partido não deveria deixar prevalecer uma questão política, mas sim basear qualquer decisão sobre o direito de um cidadão que exerceu seus direitos políticos. Mas a vida continua ¿ disse Virgílio, que descarta qualquer possibilidade de lançar novas candidaturas avulsas.

¿ Nunca ouvi ninguém dizer que não pode, mas (a punição) foi uma indicação de que o PT não admite candidatura avulsa no seu interior ¿ disse ele, após a suspensão, às 22h de anteontem.

Sobre sua participação na relatoria da reforma tributária, o parlamentar disse que não haverá alteração, uma vez que foi nomeado para o cargo pelo presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE) ¿ eleito depois do racha na base petista. Em 2006, Virgílio poderá se candidatar a cargo eletivo pelo partido.

¿O PT está discutindo um ato de indisciplina¿

O presidente do PT, José Genoino, defendeu a suspensão. Perguntado sobre declarações de petistas de que o partido, ao mesmo tempo em que pune Virgílio, procura defender o presidente do PTB, Roberto Jefferson, Genoino partiu para a ofensiva:

¿ Isso é uma infâmia. O PT está discutindo um ato de indisciplina. O PT não está defendendo esse ou aquele parlamentar da base aliada.

O processo que acabou na suspensão do parlamentar teve 43 votos a favor do afastamento por um ano e 22 favoráveis a suspensão de seis meses. Antes da votação, Virgílio fez uma proposta preliminar de instalação de Comissão de Ética, rejeitada pelo Diretório Nacional por 47 a 21 votos e quatro abstenções.