Título: Festa termina mais jovem e mais popular
Autor: Alessandro Soler, Daniela Birman, Mànya Millen...
Fonte: O Globo, 23/05/2005, Rio, p. 11

Embora insistissem que não visavam a esse aumento quantitativo, mas sim ao incremento da qualidade da programação cultural, os realizadores apresentaram com visível satisfação outros números superlativos: R$41,5 milhões em vendas (contra R$36 milhões em 2003); 2,3 milhões de livros vendidos (contra 1,6 milhão na edição anterior); e 81% de compradores entre os 460 mil visitantes do chamado público geral, ou seja, os que não estão incluídos na visitação escolar (contra 77% em 2003).

Visitantes de Niterói e São Gonçalo se destacam

A política mais agressiva de descontos na edição deste ano também contribuiu, na opinião de muitos editores, para atrair um público que não costuma comprar nas livrarias concentradas na Zona Sul da cidade. De acordo com a organização, o valor médio gasto por cada visitante caiu de R$21,90 em 2003 para R$17,74 este ano. E, ao contrário do que se dizia, o público dos bairros próximos ao Riocentro não é predominante. Moradores de Niterói e São Gonçalo, disse Paulo Rocco, seriam campeões de visitação.

Em sua opinião, pode-se falar numa popularização da feira devido ao aumento do número de visitantes. Outros editores chegaram a sentir uma mudança no perfil do público.

¿ Gostei muito de ver a renovação que houve, com gente que não costumo encontrar em livrarias. Mas vi muitas pessoas sem dinheiro para comprar os livros, sem noção do seu preço, ainda caro para o poder aquisitivo do brasileiro ¿ disse o editor da Iluminuras, Samuel Leon, que no último fim de semana resolveu dar 30% de desconto em todos os títulos. ¿ As pessoas já entravam perguntando pelos descontos. Não tivemos como ficar de fora.

O editor da Senac Rio, José Carlos de Souza Jr., ficou impressionado com o público.

¿ Eles entravam no estande e se encantavam com os livros. O perfil ficou mais popular ¿ afirmou o editor.

Em boa parte dos estandes, as vendas foram puxadas pelos livros voltados para meninas. A literatura cor-de-rosa foi campeã em muitas editoras, como na editora Planeta, cujo livro mais vendido foi ¿Tudo sobre meninas para meninas¿, de Cláudia Felício. Na Objetiva, os campeões foram ¿Mãe, você não está entendendo¿ e ¿O diário de Tati¿, da atriz Heloisa Périssé. Nesse clima, a jovem francesa Lolita Pille, autora de ¿Hell¿ , livro sobre a fútil juventude francesa repleto de sexo, grifes e drogas, foi destaque entre os convidados internacionais, a maior parte da França, o país homenageado.

Outro sinal da popularização do evento foi o clima de tietagem que predominou ao longo dos 11 dias de visitação. O auditório de 600 pessoas foi grande para a grande estrela internacional, o americano Tom Wolfe, que não conseguiu atrair grande público na conferência de abertura. Já o ex-big brother Jean Wyllys lotou o auditório, que também ficou pequeno para todos os fãs do apresentador Jô Soares.

Nos 11 dias da festa, os milhares de visitantes conseguiram se divertir sem maiores problemas, embora houvesse muitas filas, alguma falta de informação dos funcionários da organização e bastante calor nos pavilhões sem refrigeração. O grande número de crianças em visita escolar por vezes pareceu pôr em risco a segurança dos visitantes: elas corriam sem controle pelos pavilhões atrás de boatos de que celebridades estariam presentes, sempre aos berros. O limite de estudantes em visita escolar é de 30 mil por dia, mas houve ocasiões em que escolas não cadastradas chegavam sem avisar e o número chegou a ser ultrapassado, sinal do sucesso do evento.