Título: 'Made in Brazil' com sotaque mais latino
Autor: Valderez Caetano
Fonte: O Globo, 23/05/2005, Economia, p. 15

BRASÍLIA. O esforço do Brasil de se tornar líder absoluto na América do Sul não se restringe à integração física, mas também às exportações de bens e serviços. Nos primeiros três meses do ano, os embarques para o continente ultrapassaram as vendas para os Estados Unidos, o mais tradicional dos parceiros brasileiros. No mesmo período do ano passado, os países da região foram responsáveis pela compra de 20,4% de bens e serviços brasileiros, passando agora para 21,85%, um total de US$5,33 bilhões, enquanto a fatia dos Estados Unidos foi de 21,49%. No primeiro trimestre do ano, as exportações brasileiras totalizaram US$24,4 bilhões e as importações, US$8,31 bilhões.

Segundo especialistas, o resultado das exportações é o primeiro indício da mudança de estratégia da política externa do governo, mais voltada para os países vizinhos. A boa notícia é que os latino-americanos compram do Brasil principalmente produtos manufaturados, ou seja, de maior valor agregado. Para a União Européia, o maior parceiro do país, o forte são as exportações agrícolas, apesar das diversas barreiras.

¿A participação da América do Sul cresceu por conta da retomada do comércio com a Argentina, além da expansão nas vendas para todos os demais países do continente. Isto já é reflexo da política externa do atual governo de diversificar a rota das exportações¿, diz documento da Associação Brasileira de Comércio Exterior.

Do total de vendas para a América do Sul, 84,8% foram de produtos semimanufaturados e manufaturados. Já os produtos básicos registraram uma retração de 1,5% em relação ao primeiro trimestre de 2004. Para especialistas, a expansão das vendas de produtos de maior valor agregado é positiva, mas eles lembram que 57% das exportações totais brasileiras ainda são de produtos primários. (V.C.)