Título: GRAVIDEZ PRECOCE É PREOCUPAÇÃO PARA GOVERNO BRASILEIRO
Autor: Demétrio Weber
Fonte: O Globo, 22/05/2005, O Mundo, p. 41

Percentual de meninas que tiveram filhos aumentou, segundo IBGE

BRASÍLIA. A gravidez na adolescência é um problema que cresce e preocupa o governo no Brasil. Entre 1991 e 2000, o percentual de meninas que tiveram filhos na faixa de 10 a 19 anos subiu de 2,95% para 3,76%, mostram os dois últimos censos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Do total de bebês nascidos vivos em 2003, 645 mil eram filhos de mães de 15 a 19 anos de idade, representando 21% do total de nascimentos naquele ano. Mais alarmante é que 27 mil bebês (0,9% do total) tinham como mãe meninas na faixa de 10 a 14 anos.

A coordenadora de Saúde do Jovem e do Adolescente do Ministério da Saúde, Thereza de Lamare, diz que uma gravidez não planejada na juventude traz transtornos sociais e econômicos. Afinal, meninas que engravidam costumam parar de estudar e muitas vezes têm que criar os filhos sozinhas, uma vez que o pai é também adolescente e não está preparado para a tarefa.

¿ São dois movimentos. Ao mesmo tempo em que cresce o percentual de meninas grávidas, diminui a taxa de fecundidade entre mulheres adultas, que adiam a maternidade por causa do trabalho ¿ diz Thereza.

A iniciação sexual precoce é um dos fatores responsáveis pelo avanço da gravidez na adolescência. Pesquisa da Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura) no Distrito Federal e em 13 capitais, entre elas o Rio, constatou que, em média, a primeira relação sexual dos meninos ocorria na faixa dos 13,9 a 14,5 anos, variando de 15,2 a 16 anos para as meninas. Os dados são de 2001 e foram coletados em escolas da rede pública e privada.

A Pesquisa de Conhecimentos, Atitudes e Práticas na População Brasileira de 15 a 54 anos, realizada pelo Ministério da Saúde em 6 mil domicílios do país, em 2004, mostrou que 36% dos homens e 14% das mulheres haviam iniciado sua vida sexual antes dos 15 anos.