Título: MAGISTRADOS DECIDEM INTERPELAR GAROTINHO
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Fonte: O Globo, 21/05/2005, O País, p. 12
Presidente regional do PMDB terá que explicar declarações contra juíza Denise Appolinária
A Associação de Magistrados do Estado do Rio de Janeiro (Amaerj) decidiu interpelar o presidente regional do PMDB, Anthony Garotinho, para que ele esclareça, na Justiça, as declarações contra a juíza Denise Appolinária, da 76 ªZona Eleitoral de Campos. Em reunião ontem no auditório da Escola de Magistratura, no Centro do Rio, cerca de 150 magistrados aprovaram, por aclamação, a decisão do recurso judicial. A juíza, que estava presente, recebeu flores e agradeceu, mais uma vez, a solidariedade dos colegas. A sentença de Denise Appolinária tornou Garotinho e a governadora Rosinha Garotinho inelegíveis por três anos. Eles ainda podem recorrer.
Em nota, Garotinho afirmou que, se for interpelado, "dará todas as suas declarações que, em boa parte, têm sido desvirtuadas do seu contexto".
Uma ação em nome da juíza fora descartada na última quarta-feria, durante outra manifestação em apoio a Denise Appolinária em Campos.
¿ A ação fora descartada em razão de pedido da própria juíza, que não tinha o interesse de fazer nada em nome dela. O que se discutiu hoje foi a questão institucional. As declarações significaram um ataque à independência do Judiciário ¿ disse o juiz Paulo Feijó, diretor da Amaerj.
De acordo com o juiz, as explicações dadas por Garotinho não foram esclarecedoras:
¿ Queremos declarações claras e firmes, dizendo o que realmente pensa do poder Judiciário. Nós não pretendemos admitir essa interferência ¿ disse Paulo Feijó.
O advogado da Amaerj, Ari Bergher, explicou que o pedido de explicações é uma medida preparatória para uma possível ação penal ou cível. Depois de citado, o secretário de Governo terá prazo de até 72 horas para responder à interpelação.
¿ O intuito é o de que ele se corrija dos acessos verbais ¿ disse Bergher, informando que a explicação de Garotinho terá que ser dada nos autos do processo e não pela imprensa.
Na reunião, os magistrados consideraram violentas as declarações do presidente regional do PMDB depois da divulgação da sentença. Ele chegou a dizer que fora alvo de um "ato de terrorismo".