Título: JOÃO PAULO: `COMETEMOS UM ERRO ATRÁS DO OUTRO¿
Autor: Adauri Antunes Barbosa
Fonte: O Globo, 21/05/2005, O País, p. 13

`O governo não moveu uma palha (pela reeleição na Câmara), exceto o ministro Dirceu¿

EMBU (SP). O deputado João Paulo Cunha (PT-SP) afirmou ontem que o PT e o governo precisam corrigir erros para que os militantes do partido possam mostrar os bons resultados da administração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O deputado apontou erros do governo na abertura do Encontro Estadual de Vereadores do PT, em Embu, na Grande São Paulo. Segundo ele, a origem dos problemas políticos entre governo e Congresso está na derrota da proposta da reeleição na Câmara, para a qual o governo "não moveu uma palha".

¿ Estamos cometendo um erro atrás do outro. Cometemos na eleição da presidência da Câmara. Deixamos de eleger o companheiro Luiz Eduardo (Greenhalgh), mas deixamos de votar a reeleição (para a presidência da Câmara). Poderíamos ter aprovado a reeleição se o governo tivesse movido uma palha. O governo não moveu uma palha, exceto o ministro José Dirceu. Teríamos aprovado a reeleição porque faltaram cinco votos e 95% da bancada do PT votou favorável à reeleição ¿ criticou João Paulo, que era presidente da Câmara e que lutou por sua reeleição.

Mercadante critica falta de unidade no PT e na bancada

O líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante, presente ao encontro, disse que concordava com João Paulo, mas reclamou da falta de unidade da bancada e do partido:

¿ Concordo com João Paulo, mas tem outra questão. Na derrota na Câmara, o fator fundamental foi a divisão do partido e da bancada.

Mercadante disse que não há possibilidade de deixar a liderança do governo no Senado para se dedicar à sua pré-candidatura ao governo de São Paulo. Segundo ele, a proposta, "se é que existe", não é de aliados, mas de adversários, já que não abre mão do que considera seu papel principal no Senado, que é ajudar o governo Lula.

Ele também respondeu ao governador Geraldo Alckmin (PSDB), que classificara como "mesquinharia" a rejeição de seu indicado, o ex-secretário estadual de Justiça e ex-presidente da Febem Alexandre de Moraes, para o Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

¿ Mesquinharia foi ter premiado esse senhor (Moraes), que é um jurista, tem uma boa formação, tem uma obra intelectual, com esse cargo, em um momento que a Febem teve 25 rebeliões, 1.761 funcionários tinham sido demitidos, no lugar do Sérgio Renault, que era auxiliar do ministro da Justiça, e que foi o homem que ajudou a construir a reforma do Judiciário.