Título: TROPA DE CHOQUE NA COMISSÃO
Autor: Cristiane Jungblut
Fonte: O Globo, 24/05/2005, O País, p. 4

Governo e oposição disputam indicação para as vagas

BRASÍLIA. Mesmo antes da oficialização da criação da CPI dos Correios, prevista para amanhã, começou uma corrida de parlamentares interessados em compor a comissão. Na oposição e no governo, a tática é recrutar uma tropa de choque com nomes de notáveis, incluindo líderes, o que deverá politizar ainda mais os trabalhos. De um lado o perfil será o de especialistas em investigação, e do outro, estrategistas em regimento para impedir que a CPI vire palanque contra o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Nesta guerra, o governo sai na frente pelo menos em quantidade. Dos 32 nomes ¿ 16 do Senado e 16 da Câmara ¿ incluindo presidente e relator, os partidos da base têm maioria, 19.

No PT da Câmara, que tem direito a três indicações por ser a maior bancada, o líder do partido, Paulo Rocha (PA), vai escolher a partir de uma lista de inscrições os que mais se encaixam no perfil.

No PP do presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PE), a preocupação do líder José Janene (PR) é o contrário: escolher os dois representantes de forma a desvincular totalmente a CPI e as investigações envolvendo o governo do partido . Até agora os nomes cotados são Rommel Anízio (MG), Pedro Henry (MS), Benedito de Lira (AL) e Mário Negromonte. Mas a preferência de Janene é por Ibrahim Abi Ackel (MG) e Francisco Dornelles(RJ).

Como o PT, o PMDB tem direito a indicar três integrantes; o PSDB, dois; o PTB de Roberto Jefferson, um; o PPS, um; e o PV, também um. No Senado, Ney Suassuna (PMDB-PB), Delcídio Amaral (PT-MS) e Arthur Virgílio (PSDB-AM) são nomes praticamente certos na CPI.

O líder do PFL, senador Agripino Maia (RN), lembra que caberá à oposição no Senado indicar o relator e ao governo na Câmara escolher o presidente. Agripino ressalta que a relatoria caberá ao PFL, e ele já tem candidato para o posto: o baiano César Borges.

A lista de senadores que apóiam a CPI aumentou com a adesão do senador Jonas Pinheiro (PFL-MT), subindo para 50 o número de assinaturas. A bancada do PT deverá reabrir hoje a discussão sobre o apoio ou não à CPI. Sete dos 13 senadores petistas manifestaram o desejo de assinar o requerimento: Eduardo Suplicy (SP), Cristovam Buarque (DF), Paulo Paim (RS), Tião Viana (AC), Ana Júlia Carepa (PA), Serys Slhessarenko (MS) e Flávio Arns (PR).

O bloco de oposição no Senado terá direito a indicar pelo menos cinco representantes. O bloco do governo no Senado terá quatro vagas. Delcídio Amaral já disse a colegas que deverá indicar o próprio nome e os de seus dois últimos antecessores, Tião Viana (AC) e Ideli Salvatti (SC). O PDT, PSOL e PP terão direito a uma vaga cada. A vaga do PP irá para o senador Valmir Amaral (DF).