Título: Aldo: forças contrárias a Lula agem desde Floriano
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Fonte: O Globo, 24/05/2005, O País, p. 5
E também agiram contra Getúlio, JK, Jânio e Jango, diz
BRASÍLIA. Sem sucesso na operação para impedir a instalação da CPI dos Correios, o ministro da Coordenação Política, Aldo Rebelo, acusou a oposição e setores da esquerda de tentar desestabilizar o governo. O ministro comparou as forças políticas que se opõem hoje ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva às que no passado tentaram, desde o início da República, derrubar governos como o de Floriano Peixoto, Getúlio Vargas, Juscelino Kubitschek, Jânio Quadros e João Goulart, e avisou que o governo não aceitará esse jogo.
¿ O governo do presidente Lula é um governo legitimamente eleito. Se a oposição não tem candidato para enfrentar as próximas eleições, respeite a democracia. Não tentem fazer o que fizeram com governos anteriores. São as mesmas forças que desde o início da República tentaram derrubar o governo do presidente Floriano Peixoto sem sucesso, tentaram contra o presidente Getúlio Vargas, contra Juscelino (Kubitschek), contra o presidente Jânio Quadros, João Goulart... Nós não vamos aceitar esse tipo de jogo ¿ disse Aldo, depois de encontro com os líderes da base em que se constatou a dificuldade de retirar assinaturas para barrar a criação da CPI amanhã.
Segundo Aldo, a oposição está tentando criar artificialmente um clima semelhante ao de 1954, ano em que Getúlio Vargas se suicidou, depois que o chefe da guarda Gregório Fortunato contratou pistoleiros para matar Carlos Lacerda:
¿ Nesses movimentos, quando a direita tenta desestabilizar governos democraticamente eleitos e não aceita seu êxito e seu sucesso, setores da esquerda funcionam como linha auxiliar desse processo de desestabilização. O que estou é alertando esses setores para que não caiam nessa armadilha e lembrem do papel que tiveram, por exemplo, em 54 e 64. A oposição está buscando um Gregório Fortunato. E o que nós queremos dizer à oposição é que não encontrará, não vai achar Gregório Fortunato em nosso governo.
Aldo disse que a a oposição está abandonando o diálogo, ao contrário do governo:
¿ Vamos responder à oposição dizendo que nosso governo é de diálogo, é um governo tolerante, é um governo de negociação, mas que a oposição não confunda tolerância com pusilanimidade e nem paciência com covardia.
Chinaglia ainda acredita que é possível impedir CPI
No encontro com Aldo, o líder do PT, Arlindo Chinaglia, disse acreditar que ainda é possível evitar a criação da CPI, desde que os parlamentares da base colaborem:
¿ O constrangimento de alguém retirar a assinatura é o mesmo de quem assina contrariando a orientação de seu partido. O PT não é um partido liberal, em que cada um pensa que é dono da verdade.
Na contramão do movimento dos líderes governistas, o presidente em exercício, José Alencar, disse que não pediu aos deputados do seu partido, o PL, para que retirem as assinaturas, porque ¿CPI é assunto do Congresso Nacional¿.