Título: PT RESISTE E DIFICULTA RETIRADA DE ASSINATURAS DE ALIADOS
Autor: Ilimar Franco
Fonte: O Globo, 25/05/2005, O País, p. 3

O que dá palanque para a oposição é manter ministros investigados por corrupção como Jucá e Meireles¿ BRASÍLIA. A maior dificuldade do governo em convencer aliados a retirarem suas assinaturas da CPI dos Correios está na resistência dos petistas em tomar essa atitude. O líder do governo Arlindo Chinaglia (PT-SP), o líder do PT, Paulo Rocha (PA), e os vice-líderes do PT passaram o dia em reuniões com a bancada, para tentar convencer os petistas a retirarem o apoio à CPI.

¿ Se, em função dos abusos políticos, toda a base retirar, em especial o partido nuclear, que é o PT, podemos discutir a retirada. Mas não me disponho a fazer isso de maneira quixotesca ¿ avisava à noite a deputada baiana Alice Portugal, do PCdoB, partido com seis assinaturas na CPI.

Recuo do PTB não ajuda: ¿Jefferson não é referência¿

Nem o recuo do PTB mudou o quadro para os petistas.

¿ Isso não ajuda muito no PT. O Roberto Jefferson não é referência para o partido ¿ disse Fernando Ferro (PE) ao deixar a reunião.

¿ Não retiro de jeito nenhum. O que dá palanque para a oposição é o governo manter ministros investigados por corrupção como Jucá e Meireles. Se eles tivessem sido afastados, não teria CPI ¿ completou o deputado João Alfredo (PT-CE).

Arlindo Chinaglia não abre o jogo sobre o número de deputados dispostos a retirar as assinaturas. Definiu a situação na noite de ontem como um ¿equilíbrio instável¿ pendendo mais para a possibilidade de criação da CPI.

¿ Reconheço que a tática do líder Rodrigo Maia (do PFL) de anunciar 260 intimida e faz com que os que estão em dúvida pensem: não vou retirar porque não vai adiantar nada. Mas dizer que a chance de impedir a criação é zero não é verdade ¿ disse Chinaglia.

Se a estratégia do governo não der certo e a CPI dos Correios for mesmo instalada hoje, o Palácio do Planalto partirá para seu plano B: retardar a instalação da comissão e depois esvaziar seus trabalhos.

Se for criada CPI, recesso será estratégia para esfriá-la

A estratégia de ação do governo foi traçada em reunião na noite de anteontem na casa do ministro Aldo Rebelo, da qual participaram os ministros José Dirceu, Eunício Oliveira, Eduardo Campos e o líder do governo, Arlindo Chinaglia. A partir da criação da CPI, os governistas vão, primeiro, gastar 30 dias, todo o tempo que os líderes têm para a indicação de seus representantes. Quando terminar este prazo, já quase no final de junho, o Congresso estará perto de entrar em recesso, o que, na avaliação do governo, levará o assunto para o esquecimento. Enquanto isso, a Polícia Federal acelera as investigações e aponta culpados.

Mas para manter o Congresso de recesso em julho, o governo precisa aprovar até o dia 30 de junho a Lei de Diretrizes Orçamentária (LDO). E é neste ponto que a oposição pode esticar a corda, obstruindo as votações, para evitar o recesso.