Título: PF APREENDE QUASE DUAS TONELADAS DE MACONHA
Autor: Arnaldo Ferreira
Fonte: O Globo, 24/05/2005, O País, p. 11

Mais de 1.600 quilos estavam numa fazenda de PE e fazendeiro foi preso; outros 300 quilos foram apreendidos em AL

MACEIÓ. A Polícia Federal apreendeu quase duas toneladas de maconha que seriam vendidas em Pernambuco, Paraíba, Alagoas e Sergipe. Cerca 1.609 quilos da maconha estavam escondidos numa fazenda no município de Lajedo, no sertão de Pernambuco, região conhecida como polígono pernambucano da maconha. Outros 300 quilos estavam enterrados no quintal de uma casa no bairro do Tabuleiro do Martins, na periferia de Maceió. Esta foi a maior apreensão de maconha no Nordeste este ano.

A polícia prendeu o traficante Joelândio Dias da Silva, de 37 anos. Ele é dono das terras em Lajedo onde era cultivada a maconha destinada a traficantes dos quatro estados. Joelândio também é acusado de chefiar um bando de assaltantes de bancos que agia nos municípios do sertão e do agreste.

PF suspeita de uso de dinheiro público na plantação

A PF também investiga se o traficante usava dinheiro público para plantar maconha. A região de Lajedo é área de cultivo de feijão, milho e frutas, e boa parte dos agricultores usa recursos do Banco do Nordeste para financiar a produção. Os delegados suspeitam ainda que Joelândio esteja ligado a traficantes de Pernambuco que remetem a droga para São Paulo e Rio de Janeiro.

Segundo o delegado da PF de Alagoas, Joacir Avelino, que comandou a operação de prisão de Joelândio Dias, foi a maior apreensão de droga em Alagoas em todos os tempos. A droga apreendida tem mais valor de mercado porque não é prensada, como a produzida no Paraguai.

¿ A maior quantidade de maconha apreendida até agora pela Polícia Federal neste estado não passava de 500 quilos ¿ disse o delegado.

Traficante está na mesma ala de acusados de corrupção

O traficante Joelândio está na mesma ala da carceragem da PF de Maceió onde se encontram os 27 presos da Operação Gabiru: oito prefeitos, cinco ex-prefeitos, dois funcionários da Caixa Econômica Federal, secretários municipais, empresários e agiotas. Todos são acusados de desviar dinheiro da saúde e do programa nacional da merenda escolar das escolas públicas de 12 municípios.

O desembargador federal Marcelo Ribeiro Navarro, do Tribunal Regional Federal da 5ª Região, com sede em Recife, prorrogou por mais cinco dias a prisão provisória dos 27 presos da suposta organização criminosa que, segundo a Controladoria Geral da União, há dez anos desviava dinheiro público da saúde e da educação. Dos 31 presos pela PF, quatro já foram liberados porque colaboraram com as investigações da Polícia Federal. Só este ano, a quadrilha teria desviado mais de R$2 milhões, segundo o superintendente da PF de Alagoas, delegado Carlos Rogério Cotta, ao informar que novos prefeitos e ex- prefeitos alagoanos devem ser presos.

Ontem, 40 técnicos da Controladoria Geral da União começaram a cruzar informações encontradas em documentos e programas de computador apreendidos nas casas dos presos.